Mensagem do Caboclo Sete Montanhas


Mensagem do Caboclo Sete Montanhas em sessão de Descarga do dia 04 de junho de 2016.[1]

… tudo o que a espiritualidade vem permitindo em vosso trabalho de estudo e mediúnico, tem um propósito.

Tudo tem servido para o aprendizado de cada um que absorverá de acordo com sua capacidade. Independente da capacidade pouca ou grande, as sementes são lançadas, o terreno é fértil e em seu momento propício eclodirão.

Este trabalho não é uma vitória somente vossa[2]. Tudo isto ocorre de um envolvimento ao longo do tempo, preparações e trabalhos para atingirmos este clímax que tende ainda em se desdobrar em outros.

Este trabalho serve à vossa atenção para desmistificarem o vosso relacionamento com a espiritualidade, com vossos mentores e guias. É importante terem esta abertura para libertarem-se de paradigmas, pensamentos isolados e congelados em determinadas atividades e figuras da vossa espiritualidade. É importante saberem que vossos mentores, assim como nós[3], temos nossa roupagem no mundo espiritual e que não necessariamente é aquela que os filhos impõem a nós dentro do ritual de Umbanda, que cresceu tendo estas especificações. Dentro do ritual existe a falange de Caboclos cujo representante é o índio nativo; tem a falange de Pretos Velhos que tem como representante o escravo sofredor e assim por diante o Boiadeiro é o homem do campo que tem o seu laço. Mas o homem, dentro do seu momento intelectual e religioso na época do nascimento desta religião entendeu que todo Caboclo tem que ser índio, todo Caboclo tem que ter flecha, todo Caboclo tem que ter penacho, todo Caboclo tem que dançar, todo Caboclo tem que ter o peito nu e assim impõe uma vestimenta que a espiritualidade na sua sabedoria aceita, porque é a forma que tem para comunicar-se com vocês; e aproveita  o amadurecimento que vem com o tempo para vos mostrar que Caboclo é todo aquele que lida com a lealdade, com a verdade, com o dizer com sinceridade aquilo que sente e pensa. Não que Preto Velho não diga, não que o Boiadeiro não diga, mas a representação humana de alguém que seja verdadeiro e simples, é o Caboclo. A representação de alguém que seja paciente sem perder a energia é o Preto Velho; a representação da pessoa que lida com tudo com muita simplicidade e objetividade é o Boiadeiro.

Sem necessariamente estarem com peito nu, penachos e todo aparato, porque são formas que se utiliza ritualisticamente, mas que no mundo espiritual que se desdobra além do vosso, a vida segue igual. Cada um com seus afazeres, cada um com suas afinidades e assim a liberdade do espírito lhe dá a oportunidade de usar a roupagem com que mais se sinta à vontade ou que prefira; assim como nós optamos pela vestimenta religiosa, porque para nós esta vestimenta representa a época em que mais crescemos como pessoa, mais nos disponibilizamos para o próximo, há um significado por todas coisas das quais temos que abrir mão quando se faz a opção religiosa e é assim que cada um vai entendendo o próprio mentor.

Então é importante, também, começarem a entender o que é ser um filho de Oxum, o que é ser um filho de Xangô, o que é ser um filho de Oxóssi, o que é ser um filho de Exu, o que é ser filho deste ou daquele orixá, porque os filhos costumam trazer para consigo tudo de negativo que dizem que um orixá tem. Assim quando se é filho de Oxum tem que ser vaidoso, se é filho de Oxóssi, tem que ser ardiloso, se é filho de Exu tem que ser desonesto. Não! Os filhos começam a buscar os defeitos morais e a colocar o orixá como culpado daquilo.

É importante que entendam que, antes de tudo, orixá é amor. É amor de Deus em suas várias manifestações. Desta forma Xangô é a justiça com amor, Oxum é o cuidado consigo mesmo para poder se dar aos outros com amor, Iemanjá é o cuidado com o outro, com o bem estar da família; a família humana e não só a própria família com amor; Oxóssi é o amor pelo belo, é o sustento material, a busca do alimento intelectual com amor. Cada manifestação de orixá é aquilo de bom que eles trazem com amor, pois todos descendem do amor de Deus.

Da mesma forma é a lida com vossos guias. Os filhos também colocam nos guias as bengalas e defeitos que imaginam que aquela figura tenha. Então um velhinho tem que ser ranzinza, tem que ser dependente, tem que ser subserviente, tem que ser impaciente; a Pomba Gira tem que ser excessivamente sexualizada, o Exu da mesma forma e os médiuns começam a colocar e começam a colocar para fora os próprios defeitos e os colocam nas entidades. É importante começarem a pensar no que têm de bom para emprestarem para as figuras que fazem de vossos guias para que possam ser médiuns mais afins ao bom trabalho e ao bom andamento de vossa mediunidade.

Desmistificar; retirar o véu do mistério e terem coragem de olhar para si e perceber que tipo de velhinho quero ser quando envelhecer; assim será vossa atuação com o Preto Velho; que tipo de adulto responsável eu gostaria de ser? Assim será vosso relacionamento com o Caboclo e com vosso Boiadeiro e é este relacionamento que se espera que tenham com vossos guias: amadurecimento para serem bons veículos.

Tudo isto depende da permissão para se entender que os guias são muito mais do que as alegorias que se colocam neles.

Graças a Deus.

[1] Esclarecimentos do Sr Sete Montanhas sobre a pintura a óleo que o médium Ulysses fez sobre ele, onde o Caboclo Sete Montanhas se apresenta na vestimenta de Padre Jesuíta aos 29 anos de idade. Aparência que ele adota na espiritualidade e com a qual se apresenta nas Sessões de Mesa.

[2] Se refere ao médium Ulysses.

[3] Se refere a ele mesmo, o Caboclo Sete Montanhas.