Sessão de Mesa do dia 28 de Janeiro de 2017.


Mensagem do Caboclo Sete Montanhas 

Graças a Deus. Bendito e louvado seja o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Graças te damos Senhor de toda a luz que se derrama no mundo terra; Senhor também que orquestra todo os movimentos dos mundos habitados; Senhor fonte de toda energia; Senhor Criador de tudo que existe. Senhor único, onipotente, onipresente, onisciente; sabedor de todas as nossas dificuldades, todas as nossas perturbações;  poderoso, repleto de amor.

Força constante e pulsante no universo, derrama neste momento a tua paz, o teu conhecimento, a tua presença, para que possamos traduzi-la em trabalho e em força. Para que possamos ter o combustível necessário não apenas para o inicio dos nossos trabalhos do ano, mas que seja perene em todos os momentos em que aqui estivermos reunidos em teu nome. Senhor esteja também presente conosco, quando daqui nos ausentamos e quando de ti nos afastamos.

Sejamos conscientes do quão pequenos nos tornamos diante da sua grandeza e ao mesmo tempo sabemos que somos parte de ti. Derrama sobre nós sabedoria, consciência, esperança, fraternidade. Sejamos instrumentos de tua paz, de teu amor, sejamos perseverantes diante todas as dificuldades que se apresentam e que se apresentarão, porque o mundo Terra, apesar de belo, apesar de abrigar espíritos que buscam a evolução cheios de amor, também abriga entidades necessitadas de reparo, de corrigenda e de equilíbrio.

É neste encontro de almas em diferentes níveis de evolução que o sofrimento se faz presente. O sofrimento daqueles que se doam abnegados, que se dedicam ao próximo, que soam e que parecem inocentes, mas que na verdade veem no mundo aquilo que têm por dentro. Com isto não estão isentos de depararem com todos aqueles outros que o bem não encontrou abrigo em seu coração, que mentem que ferem que caluniam que se aproveitam.

É natural que o cansaço alcance as criaturas do bem que se fazem a pergunta: “Senhor Jesus, se tanto bem faço e me dedico por que ainda sofro?” Justamente porque o sofrimento é o esmeril que lapida a pedra embrutecida. Por mais que sejamos amorosos e caridosos, estar no mundo Terra nos lembra que ainda temos arestas a serem aperfeiçoadas. Por mais que pratiquemos a caridade e a mediunidade, respeitemos o próximo, o pai, a mãe e o irmão; temos um passado delituoso que nos prende às encarnações sucessivas. Saber-se terrícola é saber-se ainda em evolução. Apesar de labutarmos em meio a almas que se encontram degraus abaixo da evolução é na presença delas que fortalecemos nosso caráter.  Não mais nos sintonizando com aquilo que elas representam e com o que se satisfazem. É neste contraste que encontramos o degrau de nossa subida.

Trabalhadores da seara de Jesus, alimentem o coração, alimentem a cultura com amor, com conhecimento, mas jamais se iludam esperando a recompensa imediata da evolução porque o progresso não dá saltos. Todo progresso é feito passo a passo e todos esses encontros e reencontros são oportunidades primorosas de aperfeiçoamento. Agradeçam sempre, sigam servindo independente daqueles que os caluniam. A você que se sente caluniado, a você que aqui veio na busca de milagres; não busque milagres. Busque o aprimoramento porque dele se tira melhor proveito na medida em que se acompanha o crescimento de si.

Nos importemos sim com o nosso próximo que tem frio, fome ou sede e carência, mas não nos esqueçamos de alimentar o próprio coração para que a dureza da vida não nos torne impermeáveis ao sofrimento alheio. Neste ano em que trabalharemos a compaixão e a solidariedade, é necessário não estarmos endurecidos, impermeáveis aos apelos da própria evolução e do atendimento fraterno. Compaixão e solidariedade nos dão a oportunidade de nos colocarmos onde o outro se encontra e entendermos a sua dor, pois a dor cada um sente a sua, mas a compaixão e a solidariedade nos dão condições de compreendermos a necessidade do outro.

Tal qual a boneca de areia[1] que querendo conhecer o mar aproximou-se de sua beira e perguntou quem ele era e o mar respondeu: Eu sou o mar. A boneca de arei perguntou o que era o mar e ele respondeu: O mar sou eu e suas ondas tocaram os pés da boneca de areia que se dissolveram, iniciando ela mesma e o mar a se fundirem. E ela adentrou o mar percebendo que assim o conhecia melhor na medida em que dissolvia-se nele e ele nela. Ela fundiu-se com o mar e antes de desaparecer disse: O mar sou eu! Essa é a postura de quem tem compaixão e solidariedade: transforma-se no objeto de seu afeto e de seu serviço, pois conhecendo a sua dor e sua necessidade serve melhor. Servir, servir, servir sempre! Servir para seguir sobrevivendo e encontrando nisso utilidade e felicidade.

Divina força que se derrama sobre nós nessa hora, geradora da vida, fonte inesgotável de amor e paz, nos ensina a servir, nos ensina a ser úteis.

Que possamos nós também a cada vez que entrarmos um pouco mais dentro de ti, sintamos que fazemos parte de ti.

Que o sofrimento signifique que nos afastamos de ti e que possamos a cada vez em que nos sintonizamos e nos aproximamos de ti, sejamos tal qual a ti.

Graças a Deus.

[1] O caboclo adaptou um conto de Leonardo Boff: “A boneca de sal”.