Mensagem do caboclo Sete Flechas em sessão de caboclos no dia 25 de outubro de 2025.


Graças a Deus e que a paz de nosso senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que se reúnem em nome Jesus.

Sim, a Umbanda é uma religião cristã que adora forças da natureza; as divindades que através dela se apresentam, mas em cima de seus altares existe a figura de um judeu que trouxe ao homem uma regra, uma gramática de comportamento e de postura e todos aqueles que se colocam debaixo dessa bandeira precisam reformular-se a todo momento.

Estar debaixo da bandeira de Jesus requer a responsabilidade para consigo e também para com o coletivo. E observamos o mundo manifestado, o mundo material, como filhos costumam chamá-lo. Tudo que se manifesta no mundo é energia e de alguma maneira está aprisionada em uma forma material. As várias gradações da energia vão modificando a sua forma de apresentação, até que chega na densidade que a matéria exige e assim são plantas, assim são minerais, assim são os animais, assim é o homem e tal qual energias que provém de uma mesma fonte, tão somente porque se diferenciaram na sua forma de apresentação, seguem os vários elementos, nos vários reinos da natureza de vosso planeta, apresentando-se com características e até comportamentos muito semelhantes, que se utiliza para esse ou para aquele fim, daí que essa rocha auxilia em tal cura, tal cristal tem a capacidade de facilitar a harmonização de um ambiente. Então todas essas rochas e pedras que têm a mesma composição comportam-se da mesma maneira.

Passando para o reino vegetal, da mesma forma as plantas, todas as plantas das mesmas ramificações, das mesmas espécies têm as mesmas necessidades, seja de menos sol ou de mais água, seja de um clima mais árido e também se prestam a esse ou aquele tratamento medicinal ou para ornamentar ou mesmo até para criação de venenos, que também por sua vez, na dosagem correta, transformam-se em medicina. E também o reino animal, os animais comportam-se com um espírito de grupo, sempre com os mesmos instintos, a mesma forma de se comportar e chegamos ao homem e o que diferencia o homem de toda a obra de Deus é a presença da consciência, é a presença da cultura.

Diferencia-se o homem dos animais porque ele tem linguagem complexa, porque ele cria, se organiza em castas, em sociedades complexas, é o homem a obra mais complexa de Deus, mas essa diferenciação, essa libertação que a consciência traz, onde o homem pensa por si, onde o homem comporta-se por si, traz para ele a responsabilidade sobre seus atos, sobre aquilo que ele veicula, que ele manipula. O que ele faz de si e da natureza. Ao mesmo tempo em que a consciência liberta o homem diferenciando-se da natureza e entre si; aprisiona o homem no claustro do Eu e ele precisa reconhecer que uma vez diferenciado, isso não o isenta da responsabilidade de seguir pensando no coletivo. O ensaio que a natureza deu ao de ser coletivo, não pode ser esquecido pelo homem que desenvolveu a consciência e sabedor de si, de suas próprias necessidades e dificuldades, de sua diferenciação, deve seguir entendendo que muitas vezes aquilo que o agrada nem sempre agrada a pessoa ao seu lado e que a outra pessoa não é obrigada a ser sensível a tudo aquilo que o sensibiliza, mas os dois precisam reconhecer que dividem o mesmo mundo, isso sem falar que dividem muitas vezes o mesmo espaço, o mesmo leito, abrigam-se debaixo do mesmo teto, compartilham ambientes.

A consciência é necessária para libertação de cada criatura e para o seu crescimento individual na ascensão da consciência, na busca do retorno ao criador através dos experimentos de ensaio e erro, vai o homem gradativamente se aperfeiçoando, libertando-se, muitas vezes, de amarras emocionais e que necessitam ser purificadas para que esta consciência, cada vez mais, entenda e faça parte da própria divindade, porque a centelha de Deus habita desde o mais ínfimo grão de areia até o mais complexo dos organismos. Deus habita em cada ser humano, mas ele precisa ser libertado através da ascensão da consciência e quando falamos de ascensão da consciência, falamos em busca de melhor caráter, o caráter bom, o caráter que é fraterno, que justo, que é amigo, que usa a inteligência para toda forma de bem estar e de amor necessários ao mundo, mas a consciência, muitas vezes, coloca o homem na clausura do egoísmo.

Do egoísmo, do preciosismo e do melindre. Se todo ser humano é uma obra de Deus, se toda criatura existente é uma obra de Deus, uma pintura, se formos igualar a uma obra de arte, a vaidade, o melindre e o mau caráter são como a moldura barata que empobrece a obra. Então precisamos que a nossa moldura seja mais rica, não no sentido de ser luxuosa, mas que todo contorno que a pessoa traz consigo seja o caráter ameno, amigo, a felicidade, a harmonia, a gratidão, a libertação de tudo que prende o homem no egocentrismo. É o egoísmo a base de muitas diferenças entre as pessoas, de muitos sintomas da tristeza, das depressões. É o egoísmo que está na base de muitas enfermidades sociais e pessoais. É a moldura barata que enfeia a obra de arte, que tem tanto para dar, mas que se desvaloriza quando busca sobressair, quando ela precisa apagar um pouco mais a sua intensidade egocêntrica.

Toda luz se apaga ou pelo menos se esmaece quando uma luz mais forte está diante dela. Ela segue brilhando, mas ela percebe que existe outra luz, tal qual a diferença entre a luz da vela, a luz da lâmpada elétrica e a luz do sol. Todas tem o seu papel e iluminam, mas o sol a tudo cobre, porque o sol representa a própria divindade em sua completa manifestação e a luz da vela e a lâmpada elétrica são as consciências humanas em seus mais variados graus de conhecimento de si e de potencialidade. Seguem laborando pelo mundo, mas esquecem de que sempre haverá uma luz mais potente do que a nossa. Apaguemos o ego.

Que possamos lidar com o ego dos outros para que possamos fazer com que a vida flua com harmonia, com paz, com auto amor sempre, mas trazendo a saúde nos relacionamentos através da busca constante da justiça, da paz, do diálogo fraterno, do saber lidar com tudo que nos incomoda, transformando isso tudo em degraus de melhor adaptação ao mundo.

Que o auto amor e que cada vez mais a busca constante do fazer os acontecimentos da vida serem como ferramentas que nos moldam e que nos fortalecem, seja a busca constante de todos nós.

Graças a Deus.