Mensagem do Caboclo Sete Flechas em sessão de Boiadeiros do dia 18 de março de 2023.


Graças a Deus.

Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que se reúnem em nome de Jesus. Disse ele que a cada vez que duas ou mais pessoas se reunissem em seu nome que ele estaria presente, estamos nós reunidos em nome de Jesus; tendo ele no topo de nosso altar simbolizando a sua hierarquia sobre todos os demais mártires e santos da igreja católica, perante o seu sincretismo com Oxalá. A figura de Oxalá representada na face de Jesus para os Umbandistas dada a sua proximidade com Olodumare, sua proximidade com o orixá maior, Deus, criador de tudo.

Aqui estamos nós reverenciando energias e possamos, imersos nela, nos fazermos dignos para seguir adiante com a viagem; a viagem da reencarnação. E que também sejamos dignos de ser veículos da espiritualidade no grande servir que é o trabalho mediúnico.

Importante que o médium tenha em mente sua missão do servir, porque muitos buscam a mediunidade para endeusamento próprio. A própria história da religião em vosso mundo demonstra que quanto mais rica, quanto mais suntuosa, mais o ser humano se ilude e busca espelhar a sua vaidade na beleza material de seus templos. É importante que o médium faça um corte entre a suntuosidade e o trabalho mediúnico, porque independente das ferramentas  e cores de vossas guias e beleza de vossas vestes, o que é importante é a sintonia que o médium faça e esta se faz através da simplicidade do pensamento e da sintonia mental e da sua convicção, da sua sintonia com a verdade, com a capacidade de se colocar no lugar da pessoa que ele atenderá, das pessoas que com ele conviverá ao longo de  sua trajetória mediúnica.

É importante nos despojarmos das carapaças, das vestimentas do eu e sabermos nos colocar na posição da outra pessoa, para que até as nossas consultas e veiculações possam falar ao coração da pessoa que nos ouve ou seremos somente sinos que soam ao longe, que são belos, mas que mensagem nenhuma tocam ao coração dos outros.

Então que a nossa fala seja a fala que vem da simplicidade e por simplicidade não falamos apenas falar errado ou ter linguagem demasiadamente simples, mas precisamos no tom da voz, na postura do olhar, na postura da audição estarmos preparados para ouvir e nos fazermos ouvidos por aqueles que nos procuram e aí o nosso trabalho estará sendo efetivo. Não basta a bela dança, a bela postura; precisamos estar belos por dentro para que a beleza da alma toque o coração de quem está necessitado de ser escutado e compreendido. A nossa inteligência precisa estar a serviço do servir a Deus, a espiritualidade, com simplicidade e com coragem e com doação.

Tal qual o rei que teve um sonho e neste sonho estava ele na beira do mar com toda sua família, seus irmãos e filhos e sobrinhos e neste sonho uma grande onda vinha e levava a todos e somente ele ficava na beira do mar sozinho. E ele levou esse sonho aos adivinhos de seu reino perguntando o que significava e todos, um a um, foram dizendo; o significado é simples desse sonho. Toda vossa família morrerá e o rei continuará vivo. E este não aceitando essas interpretações ia retirando dos postos seus adivinhos até que buscou em um reinado distante, um adivinho que veio, ouviu o mesmo sonho e teve a mesma interpretação porém disse ao rei. O significado desse sonho é muito simples, o rei viverá muito mais do que toda a sua família. E diante desta interpretação que calou e encontrou ninho no coração do rei ele entendeu o significado e seguiu adiante.

Então precisamos adequar a nossa escuta e a nossa fala ao ouvido que nos ouve para que possamos ser instrumentos fieis da vontade de Deus que é o servir ao próximo. Enquanto impormos a nossa vontade e a nossa fala seremos como os sinos que retoam distantes, mas nada dizem. Precisamos ser o sino que ecoa no coração e na mente de nossos ouvintes para que possamos através do envolvimento saudável da simplicidade e do entendimento, da capacidade de cada um seguirmos servindo ao próximo. 

Então que seja a simplicidade, a tolerância e a boa vontade, as mestras para que o trabalho mediúnico siga sendo útil e que as casas sejam repletas de pessoas que queiram servir e aprender para que a religiosidade possa ser mais uma ferramenta de burilamento do ser humano e não um incenssamento de vaidades que a nada leva.

Graças a Deus.