Graças a Deus e que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que se reúnem em nome de Jesus.

E seguimos com os nossos rituais que se repetem periodicamente, alimentando a expectativa de filhos, alimentando a vossa necessidade da rotina, porque o ser humano também se alimenta da rotina. Através dela marca o tempo para que a sua sanidade mental permaneça. Os ciclos que se repetem dão aos filhos a noção da passagem do tempo e isso é importante para que o ser humano acompanhe a sua passagem pelo mundo, os momentos que vão se repetindo ao longo da vida, ao longo do ano, ao longo da semana, dão aos filhos a expectativa e a sensação de um controle do que acontecerá depois, para que então possa transitar no mundo com menos ansiedade. Então que possamos fazer da rotina, não uma repetição doentia de ações, onde nos agarramos como náufragos na expectativa de que nada mude, mas que façamos da rotina a marcação saudável do tempo.

Se aproximam os festejos natalinos, então filhos marcam esse tempo com a necessidade de perdoar-se, de perdoar os outros, de confraternizar, então que não façam disso uma rotina tão somente social, aonde os perdoes são sociais e muito rasos, nada profundos ou tão somente se agarram cada vez mais em si, pra dizer: “tudo isso é falsidade e ilusão, não me satisfaz”. É preciso que peguemos essas rotinas e aproveitemos os simbolismos que elas têm para que possamos efetivamente aproveitar e retirarmos de nós os cascões de excesso de proteção de si mesmo ou de excesso de agarrar-se à posturas que não funcionam mais.

Então os ciclos de final de ano propiciam o repensar, como foi aquele ano, se realmente ele valeu a pena, se realmente eu somente repeti rituais sociais ou se eu melhorei enquanto pessoa. Porque se as minhas preces seguem as mesmas durante 15 anos, ou Deus não está me ouvindo ou eu não estou sabendo o que fazer com a minha vida. E então começa mais um ano e passam os festejos de cara suja e passam as festas de Santos e chega o meio do ano e o frio já se faz presente. Tudo isso dá ao ser humano a certeza de que o tempo está passando e ele pode contar quantos invernos já passou na Terra, quantas primaveras já completou na Terra, assim como um médium vai computando quantas cachoeiras e praias já completou naquele templo. Tudo isso vai marcando o tempo e espera a espiritualidade que, através do revisitar, reviver e repetir, esses rituais não sejam apenas marcas na parede, como fazem os reclusos da sociedade, que contam o tempo na ânsia de saber quanto tempo passou, sem se preocupar com o que agregaram, o que fizeram durante esse tempo e o que melhorou em si. É isso que é necessário: Que façamos da rotina, inclusive diária, a oportunidade de repensarmos. Esse é o despertar. Ao abrirmos os olhos e formos fazer a higiene natural do dia-a-dia, pensar: “Este banho está me preparando para o dia de que forma?” “De que maneira estou recebendo essa água que cai sobre mim?”, “De que maneira estou recebendo este alimento que vem sustentar o meu organismo para passar o dia?”; ou se aquele ritual simplesmente antecipa o dissabor de conviver em um trabalho que não me satisfaz, ou simplesmente aquele ritual antecipa o dia vazio que me espera pela frente. Todos estes rituais marcam momentos e precisamos fazer com que eles simbolizem, sejam marcos de uma coisa nova ou que pelo menos que nos façam bem, para que a vida e o dia sejam preenchidos com mais leveza, com mais alegria e expectativa sadia. Não a expectativa que adoece o futuro, mas a expectativa que alimenta a fé e que dá para o homem a oportunidade, o combustível de buscar ser melhor ou o dia passará e o repouso noturno será também motivo de ansiedade, porque vamos achar sempre que a noite passou depressa demais, que não descansamos o suficiente e que mais um dia está aí para nos exaurir e não para que eu cumpra o meu papel no mundo.

Façamos de cada ritual que vivemos seja ele da vida diária, profana ou religiosa, os marcos que nos dizem que o tempo está passando e quantas medalhas eu já angariei ou quantas ainda eu preciso me melhorar para alcançar.

Preenchamos a nossa vida com expectativas saudáveis e saibamos que uma árvore frutífera, a sua missão é produzir frutos. Ela vive para isso. Ela retira do solo nutrientes, ela se aproveita da luz do sol, ela faz a troca gasosa através de suas folhas, ela se enche de flores, ela abriga passarinhos ou protege seres humanos com sua sombra, mas a sua missão principal é reproduzir-se, é produzir frutos, perpetuar-se no mundo. Um fruto é o melhor do que uma árvore frutífera pode oferecer ao homem e à humanidade. Então entendam que cada parte da árvore frutífera é importante, seja sua casca rugosa, as raízes que se escondem no chão ou os galhos que buscam a luz, tudo isso é importante e faz parte do produto final que é o fruto que será oferecido. Então é importante percebermos que em nossa vida nada é em vão tudo é importante, tudo que passamos nos compõe, faz parte de nossa história, de nossa estrutura, precisamos valorizar tudo que vivemos e fazer desses eventos e das mesmas composições nossas, nossos pensamentos, nossas atitudes, nossa casca rugosa, nossas raízes que escondemos ou nossos pensamentos que buscam o alto, tudo isso faz parte do ser humano e o que produzimos para o mundo e oferecemos para o outro é o melhor que conseguimos fazer.

Então que possamos valorizar a nossa trajetória, a nossa história, os nossos rituais internos porque tudo isso faz parte de nós. Assim como as árvores, possamos assumir a nossa missão, nossos frutos, aquilo que alimentará o mundo, aquilo que comporá a paisagem na nossa trajetória no mundo. Seja a árvore com seu caule rugoso ou que, muitas vezes, passou pelo ataque das pragas; são as medalhas que a árvore tem e assim como nós, que passamos por todas as vicissitudes necessárias, também precisamos honrar nossa vida, nosso passado, nossa história e tudo aquilo que produzimos, com a consciência. Diferença entre a árvore frutífera e o homem é que o homem tem a consciência e sabe os frutos que está produzindo. Então que utilize a sua estrutura, a sua trajetória e ofereçam ao mundo o melhor dos frutos que possam produzir.

Graças a Deus.