Mensagem do caboclo Sete Flechas em sessão de Boiadeiros no dia 23 de agosto de 2025.


Graças a Deus.

Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos.

Que a paz de todos aqueles emancipados espiritualmente, que alcançaram graus de consciência, que se equiparam aos grandes mestres, aqueles que têm em equilíbrio os polos positivo e negativo de sua essência, aqueles que congregam equilibradamente os aspectos masculino e feminino no sentido do polo ativo e do polo passivo; entendendo que a passividade não é a inércia, tão pouco a atividade é a agressividade, mas complementos um do outro, em que um recebe, mas mesmo a recepção é ativa, ela é permissiva, é aquela que deixa ser conquistada porque sabe que assim é o tempo e, que na medida em que o tempo faz seus giros pela eternidade, esses polos se intercalam, porque este é o equilíbrio da existência.

As fases da lua, as fases da natureza, tudo isso são mensagens diárias, eternas para que o ser humano entenda a sua temporalidade, para que o ser humano entenda como que a vida material é passageira, ela é efêmera aos olhos da eternidade. Filhos podem habitar em um corpo de carne durante oitenta, noventa, muitas vezes mais de cem anos, mas aos olhos da eternidade, tudo isso são sopros de existência. Então que o ser humano tenha essa percepção do quanto, enquanto está encarnado, é por um período breve aos olhos da eternidade. Possa então perceber que se vem ao mundo Terra e passa pouco tempo, precisa valorizar aquilo que vai agregar à sua viagem, ao seu pouco tempo.

Assim como quando filhos estão em uma viagem de passeio, sabem que as horas e os dias são poucos e procuram aproveitar o máximo de quanto podem desse tempo de repouso para que as memórias sejam fixadas e que possam ter o tempo bem aproveitado. Assim é o homem na sua trajetória encarnado, que precisa perceber que vive apenas décadas e que, por isso mesmo, precisa dar valor, atenção e semear em si aquilo que vai lhe agregar valor e lhe fazer bem. Porque o tempo que se perde em coisas que não agregam é muito grande comparado ao pouco tempo que se habita um corpo de carne. Mas esse valorizar precisa ser entendido e valorizado pela própria criatura que o vive. Não podemos dizer para o outro: “valorize isso!”. Podemos demonstrar o quanto é importante, mas somente ele perceberá em seu amadurecimento se aquilo é importante para ele ou não. E daí várias são as oportunidades de retorno para que possa repetir as experiências e possa entender as mensagens que a natureza, que as próprias existências lhe dão.

Então que tenhamos mais entendimento, que tenhamos uma fé segura, para que possamos compreender tudo isso, porque a dúvida é propulsora nos estudos da materialidade, quando estamos experimentando coisas, fazendo nossas experimentações. A dúvida é válida porque ela move o mundo e se não fosse assim, se não fosse a dúvida e o desconforto, o homem não teria inventado a roda, nem dominado o fogo, mas a dúvida nas coisas do espírito e nas coisa da fé é um dissolvente das energias que o homem tem em si. Quando ele faz a sua oração ou seu pedido, faz a sua devoção e a sombra da dúvida se interpõe entre ele e a Divindade, esta sombra dissolve a energia que ele colocou no seu viver. Precisamos entender que a dúvida nos estaciona. Em matéria de fé, a dúvida a torna inoperante ou inócua, e eu preciso compreender e aceitar que Deus é bom, porque ninguém cultuaria um Deus ruim.

Nos tempos de hoje não cabem mais deuses vingativos, deuses que nos fazem despertar o pior que há em nós, animalidade, a violência, a separação. Os tempos de hoje onde a cultura, a filosofia e toda experiência do homem exigem que ele cultue e entenda deuses como figuras boas que elevam o ser humano. Então quando eu cultuo deuses do bem, não posso ter dúvidas sobre o seu poder ou a sua sabedoria quando este envia para as minhas existências coisas que eu não compreendo. Eu preciso entender que o que vem até mim, veio de uma sabedoria maior do que a minha, mesmo que eu não a entenda ou mesmo que não aceite de primeira instância. A minha experiência com a fé bem vivida me convida a analisar porque se Deus é todo bom e envia algo que eu não entendo ou Deus não é bom ou eu ainda não entendi Deus.

Então passamos para a premissa de que Deus é bom e deixaremos de brigar com a fé, exigir que a fé seja aquilo que eu quero que aconteça. Aquela fé em que eu credito em Deus desde que ele satisfaça os meus desejos e necessidades. Porém Deus está acima de nossos desejos e necessidades, ele simplesmente é e cabe ao homem, se não entendeu, procurar entender. Esse é o exercício, porque a coisas que não têm resposta imediatas, a coisas que a vida traz, nas quais ficamos presos na estupefação, na busca de respostas, que virão, mas de acordo com nosso amadurecimento, de acordo com nosso tempo em um tempo que é todo Dele, que tem a eternidade.

Então, em questão de fé, modifiquemos a nossa postura para entender que Deus não se dobra aos nossos desejos, nós é que nos dobramos a sua sabedoria e a partir daí a vida fluirá, mesmo que não entendam o que Deus enviou, aceitem, introjetem, estudem para que a vida possa ir auxiliando a digerir e algum conhecimento de lá sairá para que possamos nos aproximar Dele.

Graças a Deus.