Mensagem caboclo Sete Flechas em sessão de caboclos no dia 20 de setembro de 2025.


Graças a Deus e que a paz de nosso senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que se reúnem em nome de Jesus.

Mais uma igreja se congrega, se reúne, uma junção de pessoas na busca de uma orientação. Tal qual nas antigas catacumbas se reuniam os cristãos anonimamente para reviver as palavras de Jesus. Aqui estão filhos reunidos neste mesmo objetivo, mas nos dias de hoje com um pouco mais de liberdade, posto que não se encontram mais necessitados de fazê-lo anonimamente, mas segue o homem na mesma busca constante de aprendizado, de busca de conhecimento, mas é importante que o homem saiba que se esta busca é constante, se o homem está a todo momento precisando de uma orientação, o que faz o homem que não aprende? Estamos o tempo inteiro necessitados de alguém que nos pegue pela mão, que nos conduza e que nos diga: “Isso é certo!”; “agora podes fazer aquilo”, “espere não podes fazer isso”. Porque estamos a todo momento sendo conduzidos por autoridades exteriores a nós, que nos dão esse prêmio por nosso bom comportamento ou se nos castigam ou nos privam, quando nos comportamos de maneira incorreta. Se precisamos de forças exteriores para nos orientarem ou para nos dizer se estamos corretos ou não, significa que quando estamos sós, nossa consciência dar-se livre para fazer o que quer e isto não é saudável.

É necessário que o homem se comporte de acordo com os padrões que estão dentro dele. Que ele haja de maneira correta, porque sabe que o correto fará bem a ele mesmo, porque conhece os efeitos do que é fazer o bem. Não fazer o bem somente a caridade, mas fazer o bem do que é bom para todos. Ser justo, ser correto, ser digno, ser leal, ser amigo, ser companheiro, pensar no outro, no coletivo e ele sabe que o retorno disso é prazeroso e faz bem a todos. Ele assimilou esses valores e age não mais de acordo com uma punição ou uma premiação, ele nem se importa mais com o prêmio ou com o castigo, ele age por princípios e a partir deste momento não será mais necessário um sacerdote, um juiz, porque eu já introjetei a figura do sacerdote e do juiz em mim. Era isso que o Jesus fazia. Seu diálogo com o Pai era intenso e íntimo, não havia dúvidas, mas o ser humano ainda titubeia como se precisasse andar segurando-se nos móveis da casa ou precisasse de uma bengala para seguir a sua vida: a bengala da justiça, a bengala da educação, a bengala do prêmio.

Precisamos nos libertar, é isso que é a liberdade, é quando eu sei exatamente o que quero, quem sou e porque quero e porque sou e não mais preciso julgar o outro, porque já nos conhecemos. Nossa sintonia nos faz um grupo coeso e a partir daí não se precisará mais de líderes, tal qual filhos entendem. O que é um líder senão alguém que agrega em si outras pessoas e as orienta, mas a partir do momento que todos sabem o que precisam fazer, a figura do líder torna-se inócua, desnecessária e passaremos a ter a figura de um organizador, mas não a de líder responsável por carregar nos ombros, todo o peso de seus liderados e aí está o nascimento de uma liderança saudável. Aquele que conhece tão bem os seus liderados que eles conseguem agir independente da presença deste ou não. São responsáveis por si e pelos outros, mas enquanto precisamos de um líder para dizer: “isso é certo”, “isso é errado”, “faça agora”, “faça assim” ou “faça assado”, somos crianças ou muitas vezes nos comportamos como adolescentes raivosos seja lá porque, com dúvidas que são deslocadas. Então que possamos entender quem é o líder que queremos ser, quem é o líder que queremos ter, a partir de quando sabemos nós quem somos. Isso é importante. Toda religiosidade, toda forma de comunicação entre os seres humanos, na família, no grupo de trabalho, no templo, precisa ser coesa e uma só.

Pais educam crianças e passam valores, lhes dão educação, lhes dão sustento, lhes dão roupa, alimento, preparam o ser humano para o seu crescimento e crianças endeusam seus pais porque deles provém tudo e eles sabem tudo, mas chega a fase da adolescência, em que o adolescente começa a perceber que, muitas vezes, existe dúvidas na fala de seu pai oude sua mãe. Esse começa a dialogar com outro mundo, com outras pessoas e se rebela, mas passa o tempo e esse mesmo adolescente transforma-se gradativamente em um adulto e percebe que suas dúvidas são as mesmas que seus pais sempre tiveram e percebe que muitas das coisas das quais ele se rebelou, na sua adolescência, eram tão somente momentâneas, de um momento de adaptação de seu corpo ao mundo e volta a valorizar a sabedoria de seus mais velhos.

Assim é o ser humano onde quer que ele se encontra, assim como a vida de Jesus se reflete na vida de todo ser humano, porque assim como Jesus conviveu com a dúvida de Thomé, com o humor instável de Pedro, cada ser humano também passa na sua vida, a lidar com pessoas de humores instáveis e pessoas belicosas. Muitas vezes se sente abandonado, quando mais precisa seus amigos se afastam. Jesus, a sua vida é um exemplo, um espelho da vida de qualquer ser humano, se formos utilizar todas as parábolas que ele usou. E da mesma forma um ser humano ao longo de sua trajetória, nasce indefeso e de pouca sabedoria, assimila tudo ao longo do tempo, assimila valores de sua família e de seus pais, se rebela em algum momento e depois de tudo isso, vai encontrando seu lugar em sua vida e muitas vezes se repete, se reflete na sua própria família, na sua prole, tudo isso que viveu ao longo de sua trajetória e assim é o ser humano nos vários ambientes onde ele transita. Pode começar duvidoso, inocente, sem saber muito, de pouco conhecimento, a medida que vai se ambientando começa a ter mais domínio de si e vem então a dúvida: Por que isso? Por que não aquilo? Na expectativa de que o mundo seja sempre o preto e o branco e esquece que existem matizes de cinza ao longo de toda a sua existência.

E os líderes vivem aquilo que chamamos da solidão da liderança, precisando tomar decisões sozinhos, observando tudo que está sob sua responsabilidade e trazendo para si o peso destas responsabilidades. Tudo isso precisamos entender que viver e conviver fazem parte de um equilíbrio sutil, de divisão de responsabilidades para que a vida tenha o valer a pena que todos buscam ter e vivenciar.

É necessário que o ser humano assuma as suas responsabilidades nos relacionamentos que trava, nas palavras que diz, no que não diz, no que faz, no que deixa de fazer, senão estaremos sempre encontrando culpados para o mal estar ou as hecatombes que acontecem na vida. Quando cada um assume a sua parcela, todos reconhecem e são capazes de realizar grandes feitos e também reconhecem que o tempo tem o domínio e a capacidade de colocar à nossa frente todas as situações que temos condições de compreender e de lidar com elas. Quando somos dóceis ao tempo, o tempo se torna um professor maestrosamente eficiente.

Que nos adaptemos ao tempo e que possamos agradecer mais, porque cada um está onde tem que estar e deveria fazer o precisa fazer para que a vida faça sentido para todos.

Graças a Deus.