Mensagem do Preto Velho Pai Joaquim das Almas em sessão de pretos velhos no dia 10 de maio de 2025. Homenagem aos Pretos Velhos.


Salve Nzambiapongo, salve Kitembo.

Salve todas as forças ancestrais que observam a humanidade; também observam nosso terreiro, cada um de seus frequentadores e trabalhadores.

Possam Nzambiapongo e Kitembo serem generosos aplicando em cada um, dentro do tempo, com observação sábia do bom semeador, dar as ferramentas e os dons necessário para cada trabalho. É importante que o trabalhador não tenha pressa, é importante que o trabalhador seja assíduo, mas é importante que o trabalhador não seja afoito e observe que a natureza tem seus ciclos e tudo se harmoniza.

Certa vez Iemanjá, que nesse tempo era esposa de Oxalá, e Oxalá delegava os poderes a cada um dos orixás. Para Ogum deu o controle sobre o metal, sobre a agricultura; a Oxossi deu o bom gosto e a arte da caça; chamou Omulu e lhe deu o controle sobre as doenças; chamou Nanã e  lhe deu os grãos e a chuva; deu para Oxumarê o arco íris e assim foi distribuindo os dons de cada um dos Orixás.

Iemanjá observava e perguntava: “Mas e eu, o que que vou fazer? Eu sou sua esposa, eu preciso de alguma coisa também, não posso só cuidar da casa.” Mas Oxalá seguia distribuindo os dons para os outros Orixás. Iemanjá afoita, perguntava: “Mas e eu? Porque eu preciso ter algo também, porque eu sou sua esposa, porque estou ao seu lado.” Iemanjá falou tanto, mas falou tanto que a cabeça de Oxalá adoeceu.

Oxalá adoeceu, ficou tonto, tinha dores e não conseguia mais distribuir dons a ninguém. Só deitava, só dormia, sentia dores e sua cabeça estava grande, inchada. Iemanjá percebeu o que a sua pressa e sua reclamação fizeram e começou a cuidar da cabeça de Oxalá. A lavou com água fria e ofereceu obis e ofereceu comida e ofereceu ervas e cuidou da cabeça de Oxalá e Oxalá melhorou.

Então Oxalá disse: “Sua pressa trouxe o desequilíbrio, mas ao mesmo tempo demonstrou o dom que você tem. Você passará, a partir de hoje, a cuidar das cabeças. Ajalá as molda e faz, mas você cuida da cabeça para que a cabeça seja saudável. Pensamentos harmoniosos, tudo em seu lugar.” E assim Iemanjá passou a cuidar das cabeças.

Nesta hora de hoje nos dirigimos aos médiuns que muitas vezes na sua pressa, ficam perguntando: “Mas e eu? O que eu faço aqui? Quando eu vou riscar ponto? Quando eu vou dar consulta? E agora o que que eu faço? Como é o nome do meu caboclo?” E começam a fazer perguntas e perguntas, muitas vezes atropelam, mas o dom só aparece na hora em que o possuidor dele está amadurecido e que está pronto para dominar aquela sabedoria.

Então esse é o nosso conselho de hoje: Libertem-se da escravidão do desespero de querer fazer algo que ainda não lhes pertence. Trabalhem, estejam disponíveis e o dom aparecerá naturalmente e a própria espiritualidade, observando a tudo, sabe conduzir cada um no seu caminho, muito individual e com muita tranquilidade.

Então a pressa, como os filhos dizem, é inimiga da perfeição, até porque a perfeição só pertence a Olorum. Esse é perfeito. Nós buscamos a sua luz e o seu caminho, mas não tenhamos pressa, vamos trabalhando em silêncio que a harmonia nos acompanha e os dons florescem, como florescem as plantas e as sementes e as árvores, no seu momento oportuno.

Graças a Deus.