Mensagem do caboclo Sete Flechas em sessão de Pretos Velhos no dia 31 de agosto de 2025.


Graças a Deus filhos. Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que se reúnem, em nome de Jesus, para mais uma prática mediúnica dentro do ritual de terreiro que filhos já vem cultuando há tanto tempo.

Aqui estão na expectativa de contato com vossos mentores, hoje na vestimenta de Pretos Velhos, mais uma expectativa de contato com o orixá que regerá nossa reunião, mais uma expectativa de confraternização com o mundo espiritual, através da mediunidade que possuis, através da capacidade de sintonizarem-se, de absorverem, de estarem comunicando-se e trocando, nesse contato, experiências. Aprendendo e ensinando, porque tudo aquilo que é vivido através da incorporação é benéfico para mentores e para médiuns.

É importante o médium saber que ele não é apenas instrumento, ele não é apenas uma ferramenta que o guia usa a seu bel-prazer, como se fosse algo sem alma, sem algo além do que o simples corpo para oferecer. É importante que o médium recomponha-se e entenda o seu valor. Toda a sua história, tudo aquilo que viveu, que vive, que experiencia, que experimenta, todo seu aprendizado ao longo das várias encarnações, mas principalmente nesta, se fazem presentes e o guia sabiamente utiliza tudo isso com muito equilíbrio. Então muitas vezes o guia resgata alguma memória, algum aprendizado que está ali latente na mente, na consciência do médium, mas em níveis um pouquinho mais abaixo do normal para utilização e é por isso que é importante que o médium valorize tudo aquilo que ele vive.

Nenhum dia é um dia em vão, não existem dias vazios, tudo aquilo que se experimenta é importante e é válido. Tudo aquilo que chega até o médium visa trazer algo, é mais um tijolo na construção de sua experiência. É importante que o médium viva tudo isso com gratidão e com humildade, a mais ínfima coisa pode ganhar um significado enorme na exemplificação da vida de outro alguém. Não é somente o êxtase mediúnico que vos traz revelações. A cozinheira, a dona de casa, a mãe preparando o alimento para seu filho ou para si mesma ou para quem quer que seja, aprende através dos tempos, do cozimento e de colocar as coisas do preparo, a entender que tudo tem seu tempo, que o excesso de sal pode estragar a comida ou que ausência dele pode não lhe dar o sabor necessário; que fazer uma comida às pressas é diferente de fazer uma comida com amor e com dedicação.

Então não é só a religiosidade que vos traz o conhecimento e a experiência que precisais. A vida quotidiana é plena de aprendizado para que possais utilizar isso em vossa vida mediúnica, para cada um e para exemplificação de tudo isso. Entendendo que assim como não se misturam determinados temperos, não podemos conviver com emoções conflitantes ao mesmo tempo. Precisamos optar que emoção quero sentir. Qual a que me fará bem? Qual que é útil? Porque a nossa consciência assim nos permite reconhecê-las quando chegam. Reconhecer a emoção, saber o que é a raiva, saber o que é o ciúme, saber o que é a alegria, a gratidão. Saber os sentimentos que temperam a nossa vida de forma que a tornem grata e válida e também aqueles sentimentos, temperos que estragam o paladar da existência, quando vivenciados por muito tempo. Porque sim, o amargo é importante na finalização de alguns doces ou de algumas bebidas; porque sim o sal aviva o sabor dos alimentos, porque sim, o excesso de açúcar retira o sabor dos alimentos e assim são os sentimentos, precisam ser identificados, reconhecidos, catalogados, vividos para que possamos crescer.

Só consegue dominar a ira quem a vive e sabe dos seus efeitos, só consegue viver o amor em sua plenitude quem o experimenta e sabe que até ele em demasia, não faz bem, porque tudo em seu excesso traz prejuízos e isso se aprende com o cozimento, enquanto se tempera uma boa comida, numa faxina quando se mistura produtos químicos que não fazem bem. A vida é plena de oportunidades de crescimento e não esperem só da religião e das entidades as respostas que precisam. A vida vos dá, estejam atentos para que a vida vos ensine.

Entendam que muitos dos problemas que vivenciamos não provém de obsessores ou de inimigos ocultos que querem nos derrubar. Muitas das nossas dificuldades de relacionamento, nossos traumas, nossas depressões, provém de dentro da própria alma. Assim como um lago sereno e límpido que brilha à luz da lua ou à luz do sol que nasce, que transmite calma e tranquilidade, se o removermos, mexermos no fundo deste lago, o lodo vem a tona. Quando as tempestades assolam o mar e que as marés mexem no fundo dos oceanos, o que está lá escondido vem, é do próprio oceano. Assim como muitas vezes o ser humano se permite envolver por tempestades de emoções ou por desequilíbrios e tudo isso revolve o fundo de sua alma e faz vir a tona sentimentos que deveriam estar adormecidos, fazem parte do ser humano, mas que não podem dominá-lo. Então não é alguém que está me odiando ou estou com problema por causa daquilo outro, provém de nós mesmos.

Deixem o tempo passar, vivam e permitam que se acalmem para que a tempestade passe, faça a higienização necessária e retornemos à vida, mas muitos de nossos problemas não estão no outro, não está na família, não está no pai, na mãe, no vizinho, no marido, não está. Está dentro do ser humano que precisa reconhecer o que tem, educar-se emocionalmente e viver com dignidade, porque é isso que se espera de cada um, que viva com dignidade e ser digno é estar apto a servir. Não existe maior prazer para um espírito endividado do que o servir, do que ser útil, do que perceber que tem potencial para auxiliar, para educar e para aprender e aí consegue funcionar no mundo.

É isso que se espera; seres humanos funcionais, que consigam administrar emoções, que consigam perdoar, que consigam pedir perdão, consigam atuar no mundo e fazer com que a vida flua. Não utilizar problemas e dores como medalhas do ócio e que nada fazem e não crescem porque estão deprimidos, porque estão com problemas. Problemas todos têm , Jesus os teve e assim mesmo curou, educou, serviu, fez o seu serviço. Cabe ao homem seguir a Jesus dessa maneira. Não vejam Jesus como um simples salvador, vejam Jesus como um herói. O salvador tão somente salva, ninguém se esforça porque o salvador os tirará de onde estão, mas um herói nos inspira, um herói nos dá exemplo, um herói é aquele que está no mesmo nível que nós e conseguiu ultrapassar os limites da mediocridade. Ele disse: “É possível, sigam o caminho que eu trilhei, porque é possível chegar aonde eu cheguei”. E isso o próprio Jesus disse.

Então Jesus não é tão somente um salvador, ele é um exemplo e precisamos seguir os seus passos, viver o que ele viveu à nossa leitura, á nossa maneira, para alcançarmos a dignidade que se espera de toda criatura humana.

Que a paz de Jesus vos acompanhe, os envolva sempre.

Graças a Deus.