
Graças a Deus e que a paz de nosso senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde.
Dizemos a paz de Cristo, posto que ele é o governador de vosso mundo; o nome mais falado em todas as vossas línguas; é a figura mais importante do Cristianismo. Existem outros profetas, outras formas de religiosidade, mas todos os profetas e todos os grandes ícones da religiosidade mundial, todos eles falam de amor, todas eles falam de uma coisa em comum que é ser um farol para que aqueles que o seguem e encontrem essa luz. Então seja Jesus, seja qualquer outro profeta, qualquer outro iluminado, a missão é de ser farol, é ser seguido.
Que as obras e os passos dos seres humanos possam encontrar a sabedoria e a libertação das dores. Possa o homem entender o que é a dor, porque, muitas vezes, o homem sente a dor e não percebe que é dor e ali permanece ou se acostuma com a dor. Como se em uma ilusão pensasse que o fundo de um poço é o seu destino e alí faz sua morada e ali está de alguma maneira confortável, porque senão dali sairia, porque assim lhe disseram e aprendeu que aquilo é para ele.
Todos os mestres ascensionados, e o próprio Cristo, nos ensinam a ser mansos, mas não confundamos mansidão com ócio. O ócio no sentido de nada fazer por si, porque também confundimos o ócio com o simples nada fazer. Aquele que está no mundo como se o mundo fosse o seu próprio jardim, que ele nem mesmo cuida, mas falamos de outro tipo de ócio, falamos daquele que pensa que o fundo do poço é sua morada, falamos do ócio daquele que não faz nada por si, seja pela falta de coragem de tomar atitudes, que são incômodas em seu princípio, ou pela completa falta de desconhecimento de si e do que está a sua volta, pela falta de uma reflexão que ainda não entendeu que o homem não nasceu para o sofrimento. Criatura nenhuma de Deus nasceu para o sofrimento, apesar do sofrimento existir. Reconhecemos, mas ninguém foi talhado para ser um sofredor.
Um sofrimento ou incômodo é um alerta que a vida nos dá, que Deus se utiliza através da vida para que nos movimentemos, porque se não fosse a escuridão, não fossem as feras que assombravam a segurança do ser humano, este não teria domesticado o fogo. O homem não inventou o fogo, ele domesticou o fogo, o fogo sempre existiu. O homem utilizou, através da sua inteligência, o fogo em seu benefício e a partir daí a sociedade deu um passo, as pessoas podiam se reunir em volta do fogo, que iluminava a noite e afastava as feras, que depois veio o seu uso na culinária e até mesmo na guerra, mas o ser humano dominou o fogo porque havia o incômodo, o medo e então utilizou a inteligência e dominou o fogo e dominou os animais e inventou a roda. Queremos dizer que a inteligência brota e ela se faz presente através da dificuldade. A dificuldade é professora, ela nos convida a nos movimentarmos, a inventarmos, a fazer diferente o que está errado, mas muitas vezes nos acomodamos porque não percebemos que aquilo é um incômodo, nos acostumamos com aquilo e não podemos nos acostumar com que é medíocre, com que é errado, com que nos atrasa. A nossa inteligência nos convida a fazer isso, a espiritualidade espera que façamos isso, porque o ser humano não nasceu para sofrer, seja em que mundo, em que idade esteja. Esperamos eternamente por um salvador que só nos salva quando nós vamos até ele, o caminho está aí. Principalmente o caminho do auto amor, principalmente o caminho do auto carinho, do auto refazimento, a pessoa só se salva quando quer e quando se esforça.
Quando se fala que o mundo precisa evoluir, que o mundo precisa alçar melhores degraus de vibração, não é o mundo sozinho, são as almas que nele habitam. É a humanidade daquele mundo que precisa despertar e aí ela melhora e consigo ela arrasta o mundo e a sua natureza. Então não podemos e não precisamos nos aprisionar na pena de si mesmo, precisamos quebrar as correntes, nem que seja por isso necessário quebrarmos laços, que já nem nos prendem mais, mas nos agarramos como náufragos pelo medo do novo, nos agarramos a destroços de relacionamentos, a destroços de família, a destroços de um trabalho que já não nos satisfaz. Precisamos entender que somos capazes de nos libertamos sim e tal qual as sementes que rasgam a terra, rasgam a própria pele, buscar a luz é o esforço próprio.
A pena de si não nos leva a nada e é isso que Obá nos ensina. É essa coragem que Obá nos convida a vivenciar e a ter, porque a coragem não é ausência do medo, a coragem é o que fazemos diante do medo. A coragem é ir apesar do medo, a coragem é reconhecer que o perigo existe, mas o encaramos frente a frente, não colocamos ele tão pequenino que ele pode nos devorar a qualquer momento, mas também não o colocamos tão grande que nos paralisamos e nada fazemos. Todos os nossos problemas e dificuldades precisam ter o exato tamanho que eles têm, para que possamos saber com quem estamos lidando e não é a auto piedade que nos fará mais fortes. É a confiança de que tudo que chega até nós, chega por uma inteligência e um tempo maiores do que nós e se chega ate nós, abrimos os braços, recebemos de bom grado e lidamos, resolvemos e seguimos. E deixamos para trás tudo que não nos pertence e que não queremos mais. O eu antigo, as crenças antigas, a falsas ideias que tínhamos de nós e das pessoas a nossa volta. Porque precisamos entender, pessoas há que não merecem mais a nossa presença, porque estamos diferentes e isso é muito bom, isso higieniza. Tenhamos a coragem de seguir adiante. A lei de afinidade, de semelhantes se encarrega de nos fazer ter a companhia que precisamos. Não precisamos apressar um rio, ele corre por si só, então que tenhamos confiança, coragem e que Obá nos auxilie nessa mudança estrutural de nossa vida, de nossa forma de encarar o mundo. Com doçura, porque o romper de laços não precisa ser algo abrupto, não precisa ser algo que deixe marcas, porque marcas nos fazem voltar ao passado, mas que naturalmente os deslaces aconteçam e cada vez fiquemos mais leves. Cercados da consciência tranquila e do bem estar que o viver com a justiça e com a harmonia com universo, promovem.
Graças a Deus.