Mensagem do caboclo Sete Flechas em sessão de caboclos no dia 09 de agosto de 2025.


Graças a Deus.

Graças a Deus e que a paz de nosso senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde. A presença dele, constante em vossas vidas e em vossos afazeres, que é exemplo de postura de ser humano. Possam filhos transbordar a figura de Jesus a todos os momentos de vossas vidas. Nele está contida a sabedoria, a humildade, a dignidade; atitudes a serem cultivadas por todo ser humano que busca a tranquilidade.

O ser humano, na busca de ser um ser humano, é passível de erro, exacerba a sua capacidade de erros tentando justificar aquilo que tem de ruim dentro si na necessidade de ser aceito pelo que se é. Tudo isso é bom, na medida em que o ser humano reconhece que tem defeitos, mas ao mesmo tempo em que reconhece, ele precisa melhorar-se, porque não adianta reconhecer o que tem de ruim e espalhar tudo isso como se fossem medalhas alegóricas e que todos precisam aceitar aquilo que se tem, mesmo a contragosto, porque se todos agirem da mesma forma, o mundo retorna ao caos.

É importante que o ser humano entenda que se ele quer saber se está andando correto, se a sua postura no mundo é aceita pela espiritualidade, é vista como algo a ser seguido, precisa pensar se a sua atitude fosse eleita a lei universal que todos fossem obrigados a agir como ele, se aquela atitude seria algo que trouxesse melhora ao mundo. Então se o ser humano acha que espalhando seus defeitos ele está sendo mais humano, imagine se todos forem expor seus defeitos exigindo que os outros aceitassem a sua melancolia, a sua indolência, a sua preguiça, a sua vaidade, a sua falta de caráter, o mundo voltaria a barbárie, o mundo voltaria ao caos. E não é necessário tolher- se, não é necessário esconder a sujeira para debaixo do tapete, é importante que o ser humano reconheça suas dificuldades, suas diferenças com os outros, suas vaidades, seus defeitos, suas enfermidades morais, suas falhas de caráter. É importante que ele reconheça, mas no mesmo grau de força, precisa buscar a sua melhora, precisa exercitar o que tem de bom, para sobreplantar o que há de ruim. Porque em verdade, em verdade vos dizemos, que o ruim está na exacerbação das características. Muitas vezes a agressividade dosada, educada, canalizada auxilia o homem na sua trajetória, aquele ser humano pode ser alguém que abre caminho para os outros, canaliza a sua violência física para inteligência, para a palavra, para o verbo, para o trabalho. Então é importante que o ser humano entenda que não é uma questão de podar-se, mas de adequar a sua força.

Um rio caudaloso correndo no meio da mata quando tem tempestade, transborda suas margens, alaga tudo, mas um rio é necessário para a natureza. Chega então a inteligência do homem e faz o assoreamento, faz uma represa, faz com que a natureza sirva melhor àquela comunidade. O rio seguirá correndo, o rio seguirá sendo caudaloso, o rio seguirá sendo poderoso, mas de uma maneira bem orientada, para que possa com a sua força levar benefícios e assim são filhos. Não adianta ficarem buscando os próprios defeitos e fazer com que os outros engulam a vossa característica, é importante que reconheçam e engulam vós mesmos os vossos defeitos e os eduquem e os canalizem, porque é muito fácil dizer: “sou ser humano e erro sim”, mas o mais importante é dizer: “sou ser humano e preciso acertar”. Então que possamos sair da vaidade, da exacerbação do caráter ruim para a busca de adequação dessas características ao que a coletividade precisa.

Tudo que adormece em vocês, tudo que está em vocês, tudo que foi vivido é útil para o planeta, para vosso próprio prosseguimento enquanto seres humanos em crescimento. As dores, as falhas, as perdas, os traumas nada acontece na vida do ser humano sem que haja necessidade. Deus a tudo provê e tudo observa, precisamos estar sempre resignificando a nossa história para que ela possa ter um outro significado para nós e nos impulsionar ao progresso. Porque enquanto nos sentarmos em cima dos nossos problemas, das nossas dores e tão somente nos lamentarmos, nos ciliciarmos ou culparmos alguém ou esperarmos que alguém solucione a nossa vida, não sairemos do lugar. Precisamos fazer de nossos problemas o nosso combustível. Não é do dia para noite, é um exercício diário, é um investimento em si mesmo e assim deixaremos de culpar o outro pelos nossos problemas ou de ver defeitos no outro, porque nós também temos os nossos. Então nessa matemática tudo fica no zero a zero, o defeito de um anula o do outro, somos todos iguais, sigamos buscando o acerto em lugar de ficarmos buscando sempre um culpado ou estarmos sempre nos diferenciando do outro, porque aos olhos da Divindade somos todos iguais e assim prosseguirá e assim deve ser, porque acima de Deus nada há, abaixo dele estamos nós, buscando a melhora e nos aproximarmos do seu entendimento.

A Fé do homem não pode ser uma flor de estufa. E por fé não falamos apenas o que se pede nas orações, mas em tudo que acreditamos que seja oportuno e bom para o nosso crescimento. Ter fé na família, ter fé na religião, ter fé em Deus, ter fé no Orixá, ter fé numa entidade, ter fé nos nossos potenciais, ter fé de que tudo melhorará. Nossa fé não pode ser uma flor de estufa. O que é uma flor de estufa senão uma flor que precisa a todo momento estar protegida em sua redoma, porque o sol a machuca, porque o vento a desfolha, porque a falta de água isso, porque o excesso de água aquilo. Temos que estar sempre sendo cuidados e amparados, mas não oferecemos nada além de uma beleza vazia. Que a nossa fé seja uma tiririca, que a nossa fé seja um mato rasteiro, mas que sobreviva às pisadas da vida, dos animais, que sobreviva às intempéries, que suas raízes sejam fortes e firmes, que passe o vento, que venha o vendaval, que venha a inundação e ali está o mato rasteiro. Que a nossa fé seja essa que renasce a cada vez que o jardineiro vai lá e retira a persistente, sempre pujante, sempre verde. Aí está a fé que precisamos ver em cada um de vocês. Não a fé que uma vez contrariada nos descabelamos e mal dizemos a Deus e as entidades e deixamos de acreditar e abandonamos o serviço. Essa não é a fé que se espera, essa fé é vazia e a nada leva.

Que a fé seja o mato rasteiro, persistente a todo momento presente, impulsionando o ser humano a estar sempre ali, vencendo a si mesmo e se melhorando. É isso que se espera dos seres humanos que se dizem portadores de fé e aí sim estaremos vivendo a fé que precisamos viver e sendo quem precisamos ser independente dos problemas, estaremos ali agradecendo, bendizendo e renascendo porque este é o nosso destino. Então que a fé seja viva, constante e que abençoe a todos vocês.

Graças a Deus.