Sessão de Pretos Velhos do dia 28 de Março de 2015


Mensagem do Caboclo Sete Flechas em sessão de Pretos Velhos do dia 28 de março de 2015.

Graças a Deus, que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde.Cada um trazendo sua cota de necessidade de aqui estar, cada um trazendo também sua cota de prazer por aqui estar, pois o homem movimenta-se na vida de acordo como que ela lhe oferece de prazer ou de dor.

Busca-se o progresso porque se busca algo melhor ou porque algo incomoda; é assim que o homem cresce e evolui buscando prazer e afastando-se da dor. Na medida em que percebe que a ignorância o faz sofrer, busca o conhecimento; na medida em que percebe que o ócio atrapalha o seu progresso, busca o trabalho que lhe dê bons frutos, pois muitas vezes se trabalha, mas os frutos não são tão saborosos quanto se esperava e aí vem mais uma vez a dor a vos ensinar que podem fazer diferente.

É importante que sempre se perceba que o crescimento, de acordo com o seu tempo, exige esta ou aquela atividade, esta ou aquela fé porque a fé, igual ao conhecimento, acompanha as necessidades do homem. O homem primitivo que adorava deuses violentos buscava, através da ação mágica de Deus, vencer os inimigos e ter boa colheita; gradativamente entende que o progresso oriundo da inteligência faz dele responsável pelo seu bem estar. Assim sua comunicação com Deus passa a ser não mais a do pedinte, mas a do cooperador para que Deus possa agir em sua vida. Muitas vezes o homem espera por algo que depende tão somente dele e coloca em Deus a responsabilidade por uma revolução cujo detonador está nas mãos ou no verbo do homem que a pede.

Inicia-se neste domingo a celebração da Páscoa para os cristãos, o marco onde se inicia o suplício de Jesus culminando com seu sacrifício no madeiro na sexta-feira e sua ressurreição no domingo, coroando sua missão com seu sacrifício. Ao chegar a Jerusalém foi recebido com honras de um rei; mesmo montado em um burrico dando sinais de que não vinha para a guerra caso contrário montaria um cavalo, mas veio montado em um animal adestrado para o trabalho doméstico demonstrando sua simplicidade e tudo o que significava sua missão, mas foi recebido com honra por uma cidade que esperava um rei guerreiro, um salvador terreno que libertaria através da violência de acordo com a situação social da época. Mas os ramos e os panos que desfraldavam sua chegada não estavam presentes quando a mesma cidade que o recebeu deu-lhe as costas e escolheu Barrabás para ser salvo pelo indulto daqueles dias festivos; o povo que o aplaudiu foi o mesmo povo que o julgou e o colocou na cruz que hoje os filhos tem como símbolo de libertação, mas naquele momento era o mais aviltante dos martírios e das mortes dedicados aos que eram excluídos da sociedade, aos ladrões e malfeitores da pior espécie.

Jesus em todo momento jamais intitulou-se como um rei guerreiro; sempre anunciou o seu reino como não sendo deste mundo; sempre pregou a libertação através do amor e da dedicação ao próximo; sempre exemplificou e trabalhou pelo bem do próximo; sempre esteve junto dos que mais necessitavam, dos enfermos e jamais junto dos poderosos a não ser criticando-os, admoestando-lhes a conduta, sendo exemplo. Jesus, com todo seu poder, passou pelo sacrifício para hoje ser anunciado como o maior homem que passou pelo mundo Terra, que está no topo dos altares dos terreiros de Umbanda e as grandes religiões do mundo o reverenciam.

É assim também a figura de vossos guias ou de uma religião na vida do ser humano. Tal qual o fez Jerusalém com Jesus, muitas vezes o ser humano abraça a missão mediúnica acreditando que abraçar a missão mediúnica o livrará de todos os males terrenos, acalmará a família, abrirá caminhos e tudo estará em perfeita ordem desde renda graças à mediunidade, ao seu orixá e coloca no mentor toda a responsabilidade de ações e reações  que ele deveria provocar. Com o tempo, quando não alcança os objetivos, desilude-se, vira as costas e crucifica seu mentor e sua religião por não atender seus pedidos. A mesma postura da cidade que abraçou Jesus para dias depois dar-lhe as costas; é apenas uma questão de amadurecimento do tempo, mas o mesmo se dá com os médiuns insatisfeitos, ignorantes que não se permitem a abertura da visão para entender que eles são sempre os responsáveis pela sua transformação.

Da mesma forma, muitas vezes, se abraça um matrimônio ou a missão da paternidade ou da maternidade ou se espera um emprego ou uma melhora material que revolucione a vida e coloca-se toda expectativa em algo exterior esquecendo-se e afastando-se da responsabilidade em fazer o próprio caminho. Jesus foi bom, Jesus é maravilhoso, mas Jesus trilhou o próprio caminho; que cada um trilhe o seu, tenham Ele como exemplo. Não coloquem nas mãos de vossos guias, mentores ou sacerdotes aquilo que cabe a vocês realizar.

Que possam perceber que este período representativo da paixão de Cristo é a exemplificação de vossas próprias vidas. Os filhos vivem a paixão a qualquer momento em que abraçam missões e dizem sim ou que dizem não buscando progresso. Todo sacrifício se faz presente para os que sabem o valor que ele tem, caso contrario nenhum valor o sacrifício terá; cabe a cada um encontrar sua missão e sua capacidade de dar significado à sua existência.

Possam estes festejos darem significado em vossas vidas, possam ter no exemplo de vossos mentores que sim vos dão carinho e atenção, que sim se fazem presentes em vossas vidas, mas que não revolucionarão vossas vidas da maneira que vocês fantasiam. Que possam viver a vida com a realidade que ela exige, tenham fé, tenham esperança, pratiquem a caridade, amem a Deus, mas sejam humanos; busquem a evolução, perdoem, trabalhem porque assim a vida segue adiante.

A fé alimenta o espírito e o trabalho traz alicerces que edificam a construção que buscam realizar.

Graças a Deus.