Mensagem do Caboclo Sete Flechas em sessão de Caboclos do dia 20 de Janeiro de 2018. Homenagem a Oxossi.

Graças a Deus.

Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês nesta tarde, na qual os filhos retornam a sua casa espiritual depois do intervalo anual, para refazimento de suas forças e celebrações da matéria.

Que possamos, todos reunidos, darmos inicio ao ano de trabalho mediúnico sempre acompanhado com vosso crescimento espiritual; sempre acompanhado da vossa boa vontade em estarmos aqui reunidos e fazendo algo que nos faça bem, que nos faça bem à alma, que nos faça bem ao tempo, para que o tempo que dedicamos juntos seja um tempo de qualidade e de aprendizado.

Dizemos isso, porque a mediunidade pode ser exercitada e não necessariamente haver crescimento ou amadurecimento espiritual. A pessoa tão somente se mediuniza,  veicula coisas, sente coisas, mas não se permite o crescimento moral e espiritual necessário para que o ser humano se liberte.  Se liberte das dores, se liberte das mágoas, se liberte das enfermidades da alma.

É importante filhos perceberem que neste ano em que, em nossa casa, estaremos regidos pelos Orixás Ogum e Iansã, o quanto de coragem vos será necessário para que possamos estar juntos e que filhos realmente estejam alinhados com tudo aquilo que a espiritualidade espera de vocês. Por que dizemos a coragem? Porque coragem filhos, não é aquilo que filhos confundem com a animalidade, com a agressividade, com a teimosia, com a falta de paciência ou com a irascibilidade. Não dizemos que coragem é a falta do medo; isso chama-se irresponsabilidade. O que queremos dizer com coragem filhos, é que todo aquele que busca algo, sabe que toda mudança traz desassossego, que tudo aquilo que é novo traz certo desconforto, sabe que a própria busca não é muita das vezes aprazível.

A coragem a qual nos referimos se alia a uma força moral na qual os filhos buscam dentro de si os alicerces que fazem parte do homem de bem. A coragem é aquilo que vos dá a força de vontade de serem melhores, de perceberem o quanto ainda podem temer, o quanto ainda têm de fraqueza, mas principalmente, o grande cabedal de poder e de conhecimentos agregados para irem adiante. Então, que possam antes de tudo confiar em si, porque para confiar em Deus, precisamos confiar também em nós, em nossa fé, no que podemos fazer com nossas mãos, com nosso olhar, com nossa voz. Qual é o nosso impacto no mundo? Qual é o nosso impacto no nosso semelhante? O que é que eu faço no mundo de melhor? Onde eu preciso melhorar-me? Tudo isso vos dará uma fotografia individual.

Convidamos filhos a julgarem menos vosso semelhante, a não apontar o dedo e dizer: Você precisa melhorar isso! Melhore isso antes você, para que possa ter a força moral e a coragem de estar diante do seu semelhante o ensinando, sendo exemplo para que possa então praticar a caridade e a religiosidade com consciência.

É importante sabermos onde estamos, o que fazemos, para onde vamos e para isso é necessário termos a coragem de olharmos no espelho e gostarmos do que vemos. Estarmos adaptados ao nosso corpo e ao tempo que ele tem, ao envelhecimento, às fraquezas. Buscarmos uma vaidade sadia para estarmos bem conosco, mas não nos perdermos na efemeridade de tudo aquilo que é perecível no mundo como as amizades que a nada levam, parcerias que vos afundam nos campos dos vícios e dos desregramentos.

É interessante é importante que o ser humano busque a educação moral, a educação religiosa, a educação sentimental.  Que aprendamos a amar, porque amamos com posse, aprendamos a ser desprendidos, a criar os filhos para o mundo, a termos companheiros que sejam companheiros enquanto nosso relacionamento dure, porque assim estamos nos alimentando mutuamente, mas a partir do momento que temos outra missão, que tenhamos a coragem, a humanidade e a certeza de que vivemos um tempo bom e partirmos para outra etapa, sem com isso deixarmos seqüelas, mazelas, ou dívidas. Que saibamos viver a vida com intensidade, com maturidade, com regras, com discernimento, para que a vida seja válida.

O tempo entre o berço e o túmulo não necessita ser um tempo de sofrimento, porque aquele que vive agarrado ao sofrimento, a dor, esperando um céu de bênçãos porque sofreu em vida, carregará consigo a dor e a perda, porque levamos para o mundo espiritual aquilo que cultivamos aqui. Pois então que cultivemos a alegria, o desprendimento, a certeza de que sim, existe o bem, a caridade, o amor, praticando tudo isso. Não esperemos depois do túmulo a felicidade, vamos vive-la agora, pois a felicidade sim, abre portas para corações leves e cabeças mais interessadas no bem estar do ser humano. Aprendamos com os Orixás, aprendamos com cada entidade aquilo que eles têm a nos oferecer.

Hoje em sessão de caboclos, que filhos tenham a verdade em vossa língua, em vosso olhar, a lealdade por vossos princípios e por vossos ideais.

Que Oxossi vos de o amor por aquilo que pertencem, mas realmente pertencem.  Aquilo que a vida e a integridade trouxeram como herança. Que não cultivemos a inveja, que não cultivemos apego ou inveja pelo que não nos pertence. Se queremos algo, façamos por merecer através do trabalho, do estudo e da dedicação. Que queiramos aquilo que realmente for nosso, porque cada um tem aquilo que merece e o que busca.

Que Oxossi nos ensine a realidade que a vida tem para sermos cada vez mais conscientes das nossas possibilidades.

Graças a Deus.