Mensagem do caboclo Sete Montanhas em sessão de cachoeira em 25 de novembro de 2023.


Graças a Deus.

Que toda a paz de Jesus, e de todos os mestres iluminados que derramam sua energia em vosso orbe, se faça presente em vossos corações no dia de hoje; em que nos reunimos em nome de Jesus, em que nos reunimos para essa prática anual de vossos reforços magnéticos, vossos laços com vossa casa, mas também, principalmente, com vossos compromissos consigo mesmos de seguirem o caminho do crescimento individual através do trabalho mediúnico.

Que filhos possam, a cada marcação do tempo que passa, porque vossa consciência se movimenta, se direciona, e se reconhece enquanto si mesma marcando os espaços que o tempo tem. Então marcamos os dias pela claridade e a noite pela ausência desta e como se sucedem e também dentro da religiosidade, a cada ritual que se faz vamos contando quantos amacis fizemos, e quantos batizados presenciamos e quantas praias e cachoeiras já participamos e vamos então fazendo estas marcas temporais para nos direcionarmos; mas espera-se que cada passagem de cada ciclo, filhos acumulem esse conhecimento e abram cada vez mais espaço para a humildade e para o servir. Quando entramos para um corpo mediúnico a última coisa que devemos nos preocupar é com o quanto de poder temos sobre o outro, mas principalmente o quanto de domínio temos sobre nós mesmos; sobre as nossas emoções, sobre aquilo que precisamos cultivar, ou que precisamos controlar. E o exercício mediúnico se predispõe a isso; quando nos conhecemos mais, conseguimos não esconder nossos defeitos, muito menos eliminá-los, mas conhecendo-os, os transformamos em ferramentas do nosso crescimento. 

Então é pra isso que nos reunimos hoje, para esses reforços dos compromissos e seguirmos adiante sempre na busca da melhora individual. Porque quando eu me melhoro, eu transbordo isto através dos meus exemplos e convido todas as outras pessoas a fazerem o mesmo. Não a serem como eu, mas também a se melhorarem, porque pessoas melhores conseguem harmonizar-se e não se sobrepor umas as outras, não dominar mais as outras, numa briga constante de vaidade que só leva ao cansaço. Então é essa a proposta cada vez mais presente para que filhos harmonizem-se consigo, porque pessoas harmonizadas não buscam conflitos desnecessários e quando os há, resolvem com inteligência buscando sempre a paz e o reconhecimento das arestas que precisam ser aparadas e muitas delas, não raro, estão em nós mesmos ou pelo excesso de sensibilidade ou pelo excesso de agressividade. Todos os excessos nos levam ao desconforto.  Então que tenhamos a exata noção do quão grande somos para que possamos dar espaço a todos que também militam ao nosso lado. 

Então que nosso ritual de hoje possa encontrar filhos amadurecidos, já não tão ansiosos ou iludidos em serem filhos deste ou daquele orixá, em terem este ou aquele guia; em terem tantos e quantos pontos riscados e inúmeros consulentes, mas que possam estar fazendo parte de uma equipe com vossos guias e mentores, não tê-los como seres distantes, inacessíveis, com uma excessiva reverência para com eles, mas uma comunicação saudável de intimidade também saudável, e saberem-se instrumentos enquanto encarnados e saberem-se cooperadores também para que isso possa frutificar de maneira saudável em vossa vida como um todo.

Que tenhamos na mediunidade a oportunidade de fazermos contato com seres que nos elevam, mas que ao mesmo tempo são seres com quem precisamos aprender tantas coisas. Então que filhos entendam a naturalidade que se espera do médium perante o fenômeno mediúnico, conseguindo traduzir tudo isso nas palavras simples, no sim e no não, no talvez, em um vocabulário acessível a todos e não estarem espiritando a todo momento e arrepiando-se por tudo e quando o fazem que seja com naturalidade, tal qual filhos enxergam esta flor, tal qual, tal qual sentem a água fria, tal qual sentem o ar preenchendo vossos pulmões, para que o exercício mediúnico seja natural, seja cada vez mais parte de vossa própria essência e assim estarão vivendo a mediunidade e a humanidade com a delicadeza que elas requerem. 

Que saibamos também ao mesmo tempo que lidamos bem com as nossas sombras internas, consigamos também entender que a nossa volta, os ambientes nos quais transitamos, nossa própria casa, nosso bairro, também são como organismos e como estes também têm suas luzes e suas sombras. Então ao invés de ficarmos preocupados com as sombras do ambiente físico que nos rodeia e exacerbando seu poder, a sua violência, a sua feiura, tudo aquilo que nos incomoda, sua falta de estrutura, possamos perguntar: “Onde eu posso melhorar tudo isso?” “Onde eu posso fazer a minha parte para que eu também seja um participante da higienização da minha casa e do ambiente onde eu transito?” E assim conseguiremos dar mais valor ao que é bom, aonde vivemos, aonde habitamos, aonde transitamos e vamos transformando nosso olhar e todo ambiente a nossa volta. Porque a cada vez que dizemos: “Eu não sirvo pra isso.” “Eu sou ainda atrasado.” “Eu sou trevoso.” “Eu tenho muitas mágoas” “Eu tenho que aprender.”, estamos nos colocando sempre atrás, sempre aquém de nossas possibilidades. Mas e o que temos de bom? Eu tenho a minha boa vontade, eu tenho o meu esforço, eu tenho tempo para que possa atuar dessa maneira, eu consigo atuar assim e assado, e vamos então dando passos adiante e, da mesma forma, o que há de bom na minha casa? Mudem a egrégora de vosso ambiente, olhem o ambiente em que estão e o que fazem dele. Que tipo de reclamações estão sempre fazendo dentro de vossa casa? Em cima de vossa cama? Só reclamam da vida, da falta de dinheiro, da falta de companheiros, ou de companheiras ou começam a ver a vossa vida como uma oportunidade de crescimento? E o que tem de bom? E a leveza que podem transportar pra ali? Mudem o ambiente onde vivem, pratiquem a esperança e a boa vontade aqui dentro, mas principalmente aonde trabalham, aonde vivem, aonde quer que transitem para que possam ser reformuladores de ambientes. Filhos quando querem que o ambiente pareça limpo, limpam e colocam perfumes nos cantinhos para que ao entrarem se sintam bem. Sejam cada um, esses difusores de aromas transformando esse aroma nos pensamentos positivos e nas ações diretivas de melhora e tudo começará a mudar em vossa volta. Larguem a reclamação e o desespero, larguem a mágoa e entendam que a depressão, muitas vezes, tem sua origem na falta de encontrar em si a obediência à sua essência, a seguir aquilo que seu caminho pede e, como não seguimos o que o nosso caminho pede, nos sentimos inúteis e a inutilidade é um alicerce da falta de ânimo e da depressão que a muitos vive assolando, mas quando revolvem-se dentro de si, aceitam a si mesmos e começam a transformar o tempo e a vontade em trabalho, gradativamente encontrarão vossa utilidade e a sua missão será cumprida. A sua missão, não a missão do outro ou a missão que esperam que nós compramos, mas a que viemos ao mundo para fazer, o que viemos ao mundo para viver. E isto não é um viver sem responsabilidade; a missão de todo ser humano tem uma objetividade, uma causa, um motivo para ele se sentir útil e não utilizar ninguém e não ficar obsidiando irmãos, pais, suas casas de santo. 0 ser humano precisa abrir suas asas e a mediunidade é uma oportunidade disso; para alçar voos que a consciência e que toda a utilidade do homem podem fazer. Não existe enfermidade limitadora, não existe dor que vos impeça de trabalhar. Encontrem tempo para auxiliar o próximo e é isso que se espera de qualquer um aqui presente, principalmente de quem dirige, de quem tem postos de comando. Não há desculpas para o não acolhimento, não há desculpas para não se antecipar a necessidade do outro. Isso cabe a qualquer filho da casa onde habitam. 

Então que a paz e a força de vontade, através das águas de Oxum e de Xangô hoje, lavem vossas mentes, retirem toda ilusão de serem impotentes e possam canalizar a força e a coragem para serem um instrumento da espiritualidade onde quer que se encontrem.

Graças a Deus.