Mensagem do caboclo Sete Flechas em sessão de Boiadeiros em 28 de outubro de 2023.


Graças a Deus.

Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que vossos corações, preparados estão para estes momentos em que buscam as orientações.

Então que os corações de boa vontade abertos estejam e preparados para o lançar das sementes que a espiritualidade vem trazendo e que vai colocando, na esperança de que a terra seja fértil e que brotem todas aquelas ervas necessárias ao bom plantio, à boa colheita, e que possam aproveitar todos esses momentos através da boa meditação do que se fala e também da prática harmoniosa de tudo aquilo que vamos pregando a vocês.

O sol nasce todos os dias, tal qual a lua também todas as noites, e espalha seus raios por toda terra não escolhendo por onde sua luz se deita. A luz do sol raia e rasga o horizonte e cai sobre a folha, cai sobre a terra, cai sobre o homem, cai sobre a grama, cai sobre o pântano e sobre a mata e o sol se derrama no mundo, assim como o próprio ar que filhos respiram permeia toda vossa natureza. E toda natureza vai se harmonizando. Todo destino do rio é o correr para o mar, alia-se a outros córregos e vai levando em seu leito as águas cujo destino é o encontro com o oceano.

As raízes das plantas fazem seu trabalho de sustentação da árvore e da busca de nutrientes. As pedras nos leitos dos rios se atritam, mas é o próprio atrito de uma pedra com a outra que as torna mais redondas; buscando formas com menos arestas, mais harmoniosas. O próprio corpo do homem tem harmonia e cada órgão tem a sua função dando de si e cumprindo seu papel. Observamos que tudo isso acontece no mais perfeito equilíbrio, cada coisa no seu tempo. E ao chegarmos no homem, a criatura de Deus dotada da consciência, de linguagem elaborada, que promove, que produz cultura, línguas e as várias formas de expressão. Chegamos ao homem que diferenciou-se do animal pela sua consciência, pela sua individualidade, pela sua capacidade de dirigir-se a si como eu; diferenciando-se do outro.

O nascimento da consciência, à medida em que é um avanço das criaturas de Deus na busca ascencional, ao mesmo tempo, tem um outro gume que traz justamente pela individualidade, pela percepção das diferenças e muitas vezes traz a desigualdade. Faz com que muitos sintam-se ou superiores demais ou inferiores demais e cabe ao homem buscar, a todo momento, a sintonia com a natureza e com o próprio organismo onde habita para que entenda que o equilíbrio se faz com o saber conviver com tudo que é diverso, para que possamos através disso voltarmos à uma unidade.

Caminhamos na direção da reunião com a criação, com o criador. Este caminho requer o reconhecimento da diferença e do saber lidar com o outro. E quanto mais reclamamos do outro; mais nos afastamos de Deus, porque se Deus está no topo de uma montanha, numa escala de ascensão, a cada vez que nos aproximamos do cume, também nos aproximamos dos outros à nossa volta porque a jornada se estreita. É impossível chegar a Deus se não nos aproximamos do nosso próximo; é impossível praticar a caridade bem praticada se eu me distancio do próximo pela superioridade que eu me sinto em relação a ele. Precisamos nos igualar para que possamos nos ascender. Não nos igualar por baixo, não nos igualar pela animalidade, pela vaidade, pela intolerância ou pela violência, mas nos igualar pelos valores superiores; pela fraternidade, pela harmonia, pela família. Se cada um está numa mesma família a lei de atração e de semelhança aí os colocou e precisamos sim, desenvolver a tolerância com o irmão, com o pai, com o cônjuge, com o filho para que possamos através deles chegarmos à divindade.

A mais bela oferenda que poderemos fazer a qualquer divindade não é o arriar uma comida seca, não é o arriar uma fruta, não é arriar qualquer oferenda. A verdadeira oferenda que depositamos todos os dias é o auxílio a quem quer que mereça, que precise de nós. É o educar a criança, é auxiliar o idoso, é cuidar do doente, é perdoar. Estas são as oferendas que precisamos fazer diariamente, porque oferendas às divindades pelos rituais fazemos periodicamente, fazemos isso muitas vezes por um protocolo, mas vos perguntamos e as oferendas diárias no santuário do coração?  Que tens feito com vosso santuário interno? Este sim  precisa ter a luz da consciência e da fraternidade permanentemente vigiadas e aí sim estaremos vivendo em harmonia com a natureza, conosco, com tudo aquilo que precisamos na escala ascensional.

E só nos aproximamos de Deus quando nos aproximamos dos seres humanos, da natureza, dos animais. Porque também não adianta adorarmos a Deus, adorarmos nosso semelhante, mas não termos a menor condescendência com o mundo animal, como também não adianta só nos aproximarmos do animal e desprezarmos o humano. O caminho requer toda uma mudança orgânica de vossas posturas para que consigamos alcançar a tão desejada tranquilidade da mente e a sintonia com as hostes divinas.

Rituais, exercícios, tudo isso dão polimento aos vossos canais de sintonia, mas a ascensão da consciência se dá pela nossa capacidade de nos aproximarmos dos outros sem dor, com coragem, com fraternidade, com a postura caridosa, de quem acolhe e educa, de quem acolhe e se educa, de quem acolhe e quer chegar ao mais alto grau de vibração sabendo que esse grau de vibração está na sintonia do coração de nosso semelhante.

Graças a Deus.