Mensagem de Dona Molambo em sessão de Exus do dia 14 de outubro de 2023.


Muito boa tarde a todos!

Que seja uma boa tarde. Que seja um bom momento. E vos garanto que já está sendo.

O dia foi bom desde o dia em que nasceu. Desde o momento em que vossos relógios materiais marcaram 00:00. Ali começou um novo dia que segue correndo, como sempre correm todos os dias, como sempre correm todos os minutos e segundos.

Vossos relógios à moda antiga com seu mostruário redondo e seus três ponteiros são exemplos exatos de cada um aqui presente e a vida é aquele mostruário. Cada ponteiro percorre o seu caminho no mostruário, cada um ao seu tempo, mas todos percorrem.

Então não adianta pedirmos pra sermos isentos destes ou daquele momento nessa vida, ele chegará. Momento de alegria, momento de inércia, momento de dor, de joia, de júbilo, de perdas, todos passam e cada um passa no seu compasso, mas todos completam a sua jornada.  Alguns se agarram à jornada com mais lentidão, em geral sempre acontece isso com a dor, porque o ser humano intercala os seus papeis, por vezes ele é o ponteiro dos segundos, por vezes ele é o ponteiro das horas. Em geral quando o ser humano sofre, ele se agarra aos ponteiros das horas e pensa que o tempo demora a passar ou ele mesmo faz com que o tempo passe mais lentamente quando se demora em estágios em que poderia passar como todo ponteiro passa, mas de maneira mais leve como o ponteiro dos segundos, mas sempre aprendendo. Ser ponteiro de horas ou de segundos é uma questão de escolha. Qual ponteiro vocês escolhem para ser? A decisão é de cada um.

Então que o dia siga sendo como ele precisa ser. Que a vida siga sendo como ela precisa ser; a própria vida. Sigamos em frente, abracemos responsabilidades, deixemos de lado as bagagens desnecessárias, limpemos nossas gavetas. Quantos cômodos em vossa casa existem com objetos que estão lá empoeirados e muitas vezes só lembramos que temos quando mexemos neles? A mesma coisa são os sentimentos. Quantos sentimentos que estão guardados e que já poderiam ter sidos reciclados, melhorados, lavados mas por vezes, lembranças emergem e fazem voltar a vida? Observemos se ainda nos são válidos. Isto somente cada um poderá dizer. Somente o amadurecimento pessoal é que vos indicará, limpe isto. Por vezes nos agarramos a sentimentos e posturas com os quais nos identificamos e é por isto que não os deixamos ir, porque criamos nossa imagem com a imagem que jogamos para o mundo; ou a do sofredor ou a do reclamão ou a do irresponsável, porque é a identidade que nos impuseram e que aceitamos e assim somos reconhecidos.  Mas quando percebemos que somos algo além do rótulo que nos damos, começamos a perceber que podemos funcionar de outras maneiras.

Mas é mais fácil se agarrar à dor que conhecemos do que se agarrar a uma dor nova. Mas vos oriento; não se agarrem a dor, porque a dor é passageira. Ela serve para trazer o ensinamento. Peguem o ensinamento e deixem que a dor se vá. Apeguem-se à leveza do passar do tempo e sejam como o perfume; deixem lembranças, boas lembranças, agradáveis lembranças. Sejam voláteis, porque volátil é a vida. Volátil é a passagem por esse pequeno mundo azul. Há tantas outras coisas mais a fazermos por nós do que ficarmos alimentando e lambendo nossas feridas que só fazem aumentar. Cicatrizemos com trabalho e com amor por si.

Axé.