Estudo sobre o Caboclo Sete Flechas.

Estudo sobre o Caboclo Sete Flechas.

Continuando nossos estudos, hoje vamos falar sobre o trabalho do Sr Sete Flechas.

Ele iniciou falando sobre suas últimas encarnações dizendo que naquele dia se apresentava com a vestimenta que mais usa na espiritualidade e que é ligada à última encarnação que teve no Rio de Janeiro na qual foi um professor de Matemática e de Filosofia.

O período desta encarnação foi de 67 anos. Seu desencarne se deu em 1918, porém dá preferência à aparência de 30 anos de idade e é com esta aparência que transita no mundo espiritual.

Disse também que antes desta, teve encarnações no século I na Grécia como Sacerdote.  Suas encarnações no velho mundo (Europa) se intercalaram entre a Espanha, a Grécia e a Itália. Teve formação militar no Exercito Romano, atividades sacerdotais na Grécia e como Artesão (como sapateiro) em Sevilha (Espanha). Sempre com interesse no estudo, na educação e na filosofia.

Também nos falou sobre a povoação de nosso país. Disse que migrações espirituais trouxeram espíritos para o novo mundo (as américas), visando trazer progresso tanto no plano espiritual onde se multiplicavam (pululavam) espíritos nativos apegados a costumes bárbaros, visando com que a reencarnação de espíritos com maiores experiências civilizatórias, auxiliasse a alavancar o progresso, sem no entanto perder as raízes.

Com isto teve experiências encarnatórias em tribos brasileiras. Contou que em uma encarnação de Índio Tupiniquim, aos 19 anos de idade, uma missão de Jesuítas entrou em contato com a sua tribo. Entre estes Jesuítas encontrava-se o padre que hoje é o Comandante deste Terreiro (refere-se ao Sr Sete Montanhas). Foi por ele catequizado porque foi atraído, através das lembranças reencarnatórias de quando era sacerdote, pelo ritual que desempenhavam, pelo estudo que desenvolviam, pelo ensino. Tudo aquilo despertou no jovem Índio experiências adormecidas pelo passar dos anos e das reencarnações. Por isso, desenvolveu atividades de auxiliar os padres em seus afazeres sacerdotais e com isso foi reaprendendo e “relembrando” tudo que estava adormecido, auxiliando também na domesticação de outros Índios. Este trabalho se deu até a idade de 32 anos quando enfermidades do homem branco debelaram (abalaram) a saúde e desencarnou. A partir daí teve outras encarnações em famílias portuguesas que para aqui vieram, sempre se envolvendo com o estudo, com ensino e religiosidade.

A partir deste momento começou a falar sobre seu trabalho em nossa casa, do qual disse ser um trabalho auxiliar da Direção Espiritual. Apresentou-se para trabalho com o aparelho (refere-se ao dirigente Nilton de Almeida Junior), e desde então vem seguindo com o trabalho de desenvolvimento, de estimulação do psiquismo do médium, buscando despertar conhecimentos latentes, oriundos das encarnações anteriores, para gerar esclarecimentos e conhecimentos.

Como Auxiliar da Cúpula Espiritual do CEJV desenvolve o trabalho de comando das reuniões mediúnicas de terreiro, da identificação de médiuns que já se encontram aptos a dar outros passos e responsabilidades em seu desenvolvimento.   Desenvolve a coordenação da quantidade necessária ideal do transito de médiuns no terreiro, para que a energia não fique nem excessivamente potencializada, nem demasiadamente fraca. É responsável pelo estímulo psíquico do médium (Nilton), buscando despertar interesse e o foco em áreas necessárias de desenvolvimento do estudo da mediunidade e dos rituais. Ressaltou que a facilidade com as letras (Sr Sete Flechas e Nilton)  facilita sua sintonia.

Perguntado se Dona Molambo e Sr Exu do Cheiro seriam igualmente auxiliares nos trabalhos da casa ele respondeu que sim e acrescentou: “O grande orquestrador de tudo que acontece, que diz que sim e que diz não, o responsável, neste momento, pela direção da casa é aquele a quem chamam de Sete Montanhas ou Pai Joaquim, pois são o mesmo espírito. Todos os demais são auxiliares deste amigo espiritual.”

Sobre a necessidade do médium conhecer a entidade com a qual trabalha, disse ser importante manter-se o foco, não apenas no trabalho que se realiza, mas principalmente na mensagem e no resultado de todo esforço laborativo (do trabalho) de cada Entidade que conosco dialoga e retém laços de relacionamento. A este respeito fez observações dizendo: “Muitas vezes a curiosidade vos tira o foco do que é mais necessário. Desprendam-se dos excessivos detalhes de erros cometidos, das dores sofridas, de datas específicas e milimetricamente contadas.” Disse que é importante sabermos situarmos em que época tal história teve desenvolvimento, mas muito mais importante é valorizar a mensagem positiva e o aprendizado que se tem de cada contato com o mundo espiritual.

Disse ainda que muitos esperam que  o mundo espiritual seja uma melhora do mundo material, muitos esperam que o mundo espiritual seja algo revelador e completamente diferente de tudo que se imagina ser. Esclareceu que o mundo espiritual percebido é montado e é criado de acordo com a expectativa que se tem dele. “A mente do homem é prodigiosa, é poderosa, se o homem crê que no mundo espiritual existem hospitais, hospitais ele encontrará. Se o homem crê que o mundo espiritual é pleno de nuvens e de brisa leve, nuvens e brisa leve é o que o homem encontrará.  Nada foge à magnitude e ao poder da criação da mente humana.” Disse que é importante desfocarmos das diferenças individuais e forcarmos no real aprendizado que cada criatura tem a passar e a oferecer.

Prosseguiu dizendo que o encontro de almas se dá pela sintonia vibratória acumulada ao longo das várias existências, das crenças, dos valores que se cria, do amadurecimento que se tenha.  Tudo isso cria um campo magnético fazendo com que campos magnéticos semelhantes se atraiam e se unam e é assim que encontramos amigos, encontramos amores, e foi assim que, mesmo na roupagem de um jovem índio, encontrou o comandante espiritual dessa casa. O jovem índio com atividades belicosas (guerreiras) tinha experiências reencarnatórias que foram despertadas ao ter encontrado alguém do mesmo velho mundo de onde procedera, e teve a oportunidade da evangelização e de aliar ao conhecimento espiritual da época, o conhecimento e o amor à natureza do índio nativo, de uma terra pujante (que tem grande força) de energia, de magnetismo e de se ter permitido desenvolver sentimentos e atividades altruístas (caridosas).

Concluiu dizendo que o compromisso que se assume de ser um guia ou não ser um guia, é criado diariamente, é criado de acordo com a responsabilidade que se assume, pelo amor que se tem ao próximo, e pela responsabilidade que se tem pelo próximo. Para ser um guia é preciso aprender a falar a linguagem de cada um que de nós se aproxima. É como o magistério; é um sacerdócio. É extrair de cada criatura aquilo que ela imagina não ter, mas que sabemos que lá está. É confiar, é acreditar no ser humano, “eis a missão de cada guia e não apenas deste que vos fala. É isso que move seja um Comandante, seja um trabalhador auxiliar da Seara do Bem”.

Quando questionado a respeito dos critérios usados para avaliação de um médium, se está pronto para riscar pontos e para consultas, respondeu que são vários os fatores que influenciam isso. O mais visível é a assiduidade do médium nos trabalhos, a sua responsabilidade perante a sua mediunidade, toda a sua postura junto aos seus companheiros de corrente (trabalho), tudo isso é aquilo que é mais visível aos nossos olhos. Também a incorporação, quanto mais equilibrada, quanto mais isenta de excessos de animismo, tudo isso vai dando sinais de uma familiaridade do médium com a sua mediunidade e com seus mentores. E também, paralelamente, se acompanha toda a composição espiritual do médium, cores da aura, que se acendem ou que se apagam na medida em que o médium entra em contato com seu guia indicando a comunhão de sentimentos e da intimidade deste com o seu Mentor. E também pra onde se permite ir quando está fora de seu corpo, as companhias espirituais que vai angariando (reunindo/obtendo). Porque tudo isso são fatores que higienizam o ambiente psíquico do médium e que dão direcionamento para que o Mentor possa atuar com mais intimidade com o médium, com mais congruências (semelhanças) de energias afins que necessitam trabalhar. Isso seria inicialmente, tudo aquilo que indica que o médium está em condições em dar continuidade ao seu trabalho. Nada disso indica que ele permanecerá nessa sintonia, porque tudo isso é questão diária de escolha, questão de posturas que necessitam ser reavaliadas, refeitas a cada momento, a cada dia de trabalho ou de afastamento do trabalho, por que o trabalho mediúnico não é só o que se vê aqui. É necessário que o ser humano entenda que o médium é um representante de sua casa em todos os momentos. É isto que faz com que a sintonia se faça muito mais, não somente nos rituais de Amaci, de Reuniões de Descargas ou demonstrações de resistência física. É a postura do médium que mostra as condições emocionais e psicológicas para o trabalho com o outro, para o aconselhamento mediúnico e até para o desprender de energias de um passe. Isso tudo é observado criteriosamente de tempos em tempos para que possamos perceber se o médium está apto para o trabalho ou até desenvolver outro tipo de trabalho.

Perguntamos se existe uma comunicação da parte do Sr. Sete Flechas com a entidade do médium para saber se o mesmo já estaria pronto para riscar o ponto. Ao que ele respondeu que o Guia Mentor de cada médium comunica à direção da casa como está o seu trabalho com o seu aparelho. Tudo isso ocorre no mundo espiritual.  Ressaltou que a simples intuição de um ponto não significa que o médium está pronto para o trabalho, porque há médiuns que têm intuição do ponto, mas só vão dar prosseguimento ao seu trabalho de consulta, anos ou meses depois. Isso porque não é só a intuição do ponto, como foi dito, é a composição áurica, seu campo psíquico, é que dão as indicações de que existe uma sintonia ainda maior com o seu mentor.  Não é só a intuição de ponto, mas é a aproximação de auras de mentor e médium que necessita ser pelo mundo espiritual, pela sua forma, pela sua postura intensa, coesa, simples para que possam então identificar uma possibilidade de trabalho, mais frutífero adiante. Por isso que muitos médiuns não têm intuição de ponto, mas existe, espiritualmente, uma forte sintonia e na hora de riscar o ponto, esta intuição vem porque não é somente a intuição que é importante, o que é importante é a intimidade que se desenvolve entre Médium e Guia.

Na medida em que o médium acredita, confia na casa que tem, na direção que tem e também em si e em seu Guia, estas portas se abrem. Elas se abrem na medida em que os filhos se permitem que elas abram. Quando há uma convocação e o médium entende que ele está ali para isso, esta sintonia se faz e esta percepção ocorre. Então a simples percepção de um ponto durante um sonho, durante um êxtase, isto por si só não indica que já se está pronto, o que indica se está pronto é a maior inteiração fluídica que se percebe no mundo espiritual entre o médium e seu guia.

E assim encerramos o estudo de hoje, com a certeza de que a Espiritualidade maior trabalha com afinco, com dedicação e carinho para que possamos ajudá-los a nos ajudar e assim juntos ajudarmos ao próximo.

Conclusão:

Os estudo realizados, tanto Sr Sete Montanhas, quanto Sr Sete Flechas iniciaram falando de suas últimas reencarnações. Não que isso tenha sido determinado, foi apenas a maneira encontrada para começar nossa conversa pedindo que falassem sobre este momento. Nós somos o acúmulo ou uma junção de todas as nossas experiências reencarnatórias.  Então, as últimas reencarnações de um espírito o definem? Ou isso não faz diferença?

As últimas encarnações são as mais importantes no sentido de que por serem as mais recentes são de fácil acesso no arquivo de memórias do espírito. Necessariamente não são as que definem o que o espírito é no presente. Como disse antes, a formação do espírito e feita através de várias experiências encarnatórias.

PERGUNTAS…

Pra encerrar, quero falar pra vocês do amor que me traz aqui a esta casa.  Amor pelos trabalhos, pelos amigos Espirituais, por todos os irmãos, pela Religião. Fui questionada de como seria esse amor pela Religião e sinceramente não consigo palavras que possam exprimir o que sinto, porque pra mim é algo que transcende a alma.

Uma vez nosso dirigente em um trabalho nos fez algumas perguntas, dentre elas quis saber que tipo de oração fazíamos quando cumprimos o ritual de batermos a cabeça, respondi que quando ali estou Meu primeiro momento é dizer que estou ali de coração aberto, para nossos trabalhos, para ser instrumento do amor de Cristo. E que seja feita a sua vontade sempre. Peço também a ele proteção para os mesmos e agradeço por tudo o quanto nos permite viver.

Esse amor que é tão grande, que sinto que nem eu mesma tenho a exata noção do quanto. Mas que me faz cada vez mais querer estar aqui, diante a todos os novos trabalhos que a cada dia vão surgindo vencendo cada obstáculo com dedicação e carinho. Aos poucos, devagar e sempre…  Ajudando ao irmão, ao próximo que aqui vem. Buscando aprender para ser uma pessoa melhor, para mim mesma e para todos os outros também.  O trabalho só está iniciando e sei que a espiritualidade vai estar sempre a nos amparar, orientar e guiar, bem como isso tenha que ser o que façamos uns com os outros. Despidos de vaidade, de arrogância, e tudo o mais que possa nos atrasar o aprimoramento.

Agradeço à Espiritualidade a oportunidade de realização deste estudo agradeço ao Ulysses e ao Nilton por nos permitirem tantos ensinamentos, nos ajudando assim em nosso crescimento espiritual.

Dedico este estudo a eles, a todos os irmãos e se me permitirem gostaria de dedicá-lo a alguém que se aqui estivesse estaria muito feliz, minha amiga Maria Eduarda.

Que o Senhor abençoe, proteja e guarde cada um de nós. Que possamos ter sabedoria e discernimento em nossas atitudes em nossos trabalhos aqui em nossa casa e no nosso dia a dia. Sempre fazendo tudo com simplicidade e humildade.

Lembrando que mais que palavras bonitas, são palavras de ordem, que devem ser colocadas em pratica. “Orai e vigiai”!!!!  Disciplina, sempre!!!…

[1] Entrevista feita pela médium Lúcia Batista em dezembro de 2015.